Santander acredita que Brasil vai entrar em ‘círculo virtuoso’
O Santander, 12º maior banco do mundo em capitalização, está tão entusiasmado com o Brasil e com o governo Lula que seu responsável na América Latina, Francisco Luzón, chegou a dizer que o país ”pode estar passando para uma nova etapa, a de aproximação mais definitiva aos padrões dos países desenvolvidos”.
O economista-chefe do banco, José Juan Ruiz, não deixa por menos: calcula que o Brasil pode seguir a trajetória do México, que em apenas três anos – após a mais recente crise (período 94/95) –, conseguiu o que o jargão do mercado financeiro chama de “investment grade”. Ou seja, o risco de pôr dinheiro no México é perto de zero, já no Brasil, ainda é de quase cinco pontos percentuais acima do padrão norte-americano.
Os dois altos funcionários do Santander faziam parte da comitiva do presidente e patriarca da instituição, Emílio Botín, que se reuniu na quarta-feira, dia 26, com um pequeno grupo de jornalistas para verter otimismo sobre o Brasil.
É bom explicar que Botín, desde a primeira reunião com Lula, quando a campanha eleitoral de 2002 apenas esquentava, ficou entusiasmado com o candidato. Não é, portanto, um recém convertido quando diz que o Brasil está entrando em um “círculo virtuoso”.
O banqueiro prevê crescimento de 4% para 2044, um aumento de 25% na concessão de créditos a juros bem mais baixos que os atuais (8% reais, ou seja, descontada a inflação) e “uma década muito importante para o Brasil, pelo que vai acontecer aqui e no resto do mundo”.
É razoável supor que o otimismo incontrolável de Botín e de seus auxiliares no comando do Santander se deva, ao menos em parte, aos resultados do próprio banco: o lucro líquido, neste ano, será de aproximadamente 2,5 bilhões, “o mais alto da história do grupo”.
No Brasil, o desempenho, como vem sendo a praxe para as instituições, não ficou atrás: quando comprou o Banespa, em 2001, a previsão do Santander era obter, em 2003, um lucro em torno de um US$ 750 milhões. “Ficamos de 10% a 15% acima dessa cifra”, disse o presidente do grupo, que tem 6 milhões de clientes no país e espera chegar aos 7,5 milhões em três anos.
De acordo com Luzón, a aposta no Brasil é explicada da seguinte forma: “A recuperação mundial, que será mais ou menos forte, durará três anos na América Latina, que fez o dever de casa e está mais preparada para o crescimento; e no próprio Brasil, por terem sido lançadas, neste ano, bases para um crescimento forte e sustentado.”
fonte: Folha de S. Paulo






