Redes apostarão em atividades unificadas
A construção de agendas unificadas e de acordos globais foram decisões comuns às redes sindicais do Itaú e do Santander, que se reuniram nessa terça e quarta-feira, 26 e 27, na sede da Contraf-CUT, em São Paulo. A 8ª Reunião do Comitê Internacional do Santander da UNI Finanças e a 6ª Reunião do Comitê Internacional do Itaú da UNI Finanças trouxeram ao Brasil dezenas de sindicalistas das Américas. Participaram cerca de 80 dirigentes da Argentina, Chile, Venezuela, Colômbia, Paraguai, Uruguai, Trinidad & Tobago, Bahamas, Estados Unidos e Brasil.
Os trabalhadores do Itaú decidiram contrapor a realidade dos bancários no continente ao prêmio internacional de banco mais sustentável, entregue recentemente à instituição pelo jornal inglês Financial Times. A ideia é demonstrar porque o banco não merece o prêmio. “Vamos comparar as condições de trabalho na América Latina com o conceito de sustentabilidade. E um dos pontos levantados será a onda de demissões que ocorrem no Brasil”, anuncia o dirigente do Sindicato André Luis Rodrigues.
Também serão lembrados problemas comuns aos países latinos onde o banco brasileiro atua: Uruguai, Paraguai, Chile e Argentina. “Más condições de trabalho, índice alto de bancários lesionados ou com depressão, assédio moral e metas abusivas são práticas comuns do banco na América Latina”. Além disso, acrescenta o dirigente, alguns problemas se agravam mais em certos países. “No Paraguai e Chile é forte a prática antissindical do banco. Com exceção do Brasil – onde os trabalhadores conquistaram a PLR da Convenção Coletiva –, o Itaú não tem uma política efetiva de participação dos trabalhadores nos lucros. Falta ainda no Uruguai, Paraguai e Chile uma política positiva com relação a minorias, com contratações de pessoas com deficiência, afro-descendentes e indígenas. Além disso, no Paraguai, Uruguai, Chile e na Argentina o Itaú não paga horas extras e no Paraguai os trabalhadores sequer saem para o almoço”, cita André.
Os sindicalistas do Itaú também aprovaram a construção de um acordo marco para o continente, além de manifestações e materiais de mídia conjuntos, questionando a postura do banco.
Santander – Campanha de mídia unificada e um dia internacional de paralisação foram algumas das decisões tomadas pelo coletivo internacional de trabalhadores do Santander. Segundo a diretora executiva do Sindicato e coordenadora da rede internacional do Santander, Rita Berlofa, uma dessas atividades será um jornal cuja capa denunciará o disparate entre os lucros obtidos pelo banco espanhol na América Latina e o tratamento dispensado pelo grupo aos trabalhadores do continente. “O texto de capa destacará os resultados produzidos na América, que responde por 44% do lucro global do banco, e onde, apesar disso, o tratamento dispensado ao trabalhador é o pior possível. Faremos um contraponto entre os resultados do banco e a total exploração da mão de obra na América Latina”. O jornal, informa Rita, será distribuído em atividades a serem realizadas entre 21 e 25 de novembro, e trará no verso os problemas específicos de cada país.
Haverá ainda um dia de paralisação nas Américas para denunciar a exploração promovida pelo banco e exigir da multinacional espanhola a assinatura de um acordo marco que garanta direitos básicos aos trabalhadores: à sindicalização, à livre negociação de fato, o fim do assédio moral em todos os locais de trabalho, e direito a emprego decente, que não promova o adoecimento, mas sim a qualidade de vida do trabalhador. “Esse acordo vai prever direitos mínimos. É absurdo que na América os trabalhadores ainda tenham medo de se sindicalizar e haja países sem sindicato da categoria.”
A dirigente destaca que as reuniões da UNI Finanças são essenciais para troca de experiências e para que se conheça melhor a realidade dos trabalhadores de cada país. “O Brasil, por exemplo, é o único país da América Latina onde o Santander demite, em que pese ele ser responsável por 25% do lucro global do banco”, cita.
A pressão por metas e o assédio moral são práticas comuns no continente, há países, no entanto, acrescenta a dirigente, onde o banco abusa dos direitos mais básicos do trabalhador: “Na Argentina, eles extrapolam a jornada de trabalho e não recebem hora extra. No Chile, além da jornada extenuante e de não pagar horas extras, o banco recorre a práticas antissindicais, entre elas não promover funcionários sindicalizados. As práticas antissindicais também são uma realidade no Brasil e na Colômbia, onde os bancários do Santander têm o pior salário de todos os países da América”, exemplifica.
Seeb SP







