Bancos seguem na contramão da evolução do emprego no Brasil
Nestes últimos nove anos, o Brasil está conseguindo reverter uma situação de amplo desemprego, mesmo diante de uma crise financeira internacional, que se estende desde 2008.
Como fruto de políticas nacionais de desenvolvimento, no último mês de dezembro, o índice de desemprego no país atingiu a menor taxa verificada desde o início da série histórica, em janeiro de 1998: 9,1%.
Conforme dados Seade/Dieese, em todo o período de 2011, a taxa média de desemprego ficou em 10,5%, ante os 11,9% apurados em 2010.
Em 2011, foram geradas 407 mil ocupações, número superior ao de pessoas que ingressaram no mercado de trabalho (105 mil), o que resultou na saída de 302 mil pessoas da situação de desemprego. O total de ocupados no conjunto das sete regiões onde a Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED é realizada foi estimado em 19.839 mil pessoas e a População Economicamente Ativa, em 22.157 mil.
Na contramão dessa evolução, segue o sistema financeiro nacional, apesar dos sucessivos recordes nos lucros.
De janeiro a setembro de 2011, os bancos geraram 18.167 novos postos de trabalho, o que representa um saldo positivo de apenas 3,76% no emprego bancário. Na comparação com o saldo de 1.805.337 postos gerados em todos os setores da economia nacional no primeiro semestre de 2011, os bancos contribuíram somente com 1,01% do total.
De acordo com Pesquisa de Emprego Bancário do Dieese, o saldo de 18.167 novos postos de trabalho no setor resulta de 46.064 admissões e 27.897 desligamentos. A remuneração média dos admitidos foi de R$ 2.487,74 e a dos desligados, de R$ 4.041,62, resultando numa diferença média de remuneração entre admitidos e desligados de 38,45%.
Os dados desnudam uma segunda faceta do sistema financeiro nacional: o da alta rotatividade. Demitem funcionários com salários mais elevados para colocar em seu lugar trabalhadores com menor remuneração. Tudo para diminuir custos, independentemente, de se tratar do setor mais lucrativo do país.
De acordo com os dados mais atualizados dos balanços divulgados pelos próprios bancos, o lucro total dos seis maiores do setor – Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa, Santander e Safra – foi de R$ 38,8 bilhões entre janeiro e setembro do ano passado. Valor 18,17% maior do que o mesmo período para 2010, fruto das altas taxas de juros, spread elevado e da cobrança abusiva de tarifas.
Para se ter ideia, em 2011, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as tarifas bancárias no país tiveram alta de 12,46%, ficando 5,96 pontos percentuais acima da inflação, registrada no período em 6,5%.
“Em outras palavras, os bancos seguem abusando dos consumidores, tirando proveito da conjuntura econômica e desrespeitando os trabalhadores com a rotina de demissões, metas abusivas, pressões e péssimas condições de trabalho”, denuncia Luiz César de Freitas, o Alemão, presidente da FETEC-CUT/SP ao complementar: “Tais práticas demonstram o quanto impera a falta de compromisso dos bancos no Brasil para com a sociedade. Enquanto o governo federal e diversos outros setores da economia buscam formas de proteger o país dos reflexos da crise econômica mundial. O sistema financeiro brasileiro segue à revelia do desenvolvimento econômico e social do país”, conclui Freitas.
Fetec-CUT/SP