Não somos invisíveis! O grito dos banespianos por dignidade na fase idosa

Está na Constituição: toda a pessoa idosa tem direito a ocupar os espaços da sociedade, preservar sua memória e viver com dignidade. Mas, na prática, essa história é diferente. O primeiro de outubro, quando se celebra o Dia Nacional do Idoso, é mais uma oportunidade para lutar contra a invisibilidade dessa população, e esse papel é de todos.
A reflexão sobre esses direitos precisa ser diária, sobretudo no recorte dos banespianos que carregam não apenas suas histórias de trabalho e dedicação, mas também as marcas de um presente geralmente angustiante. Eles enfrentam diariamente preconceitos enraizados no etarismo e, ao mesmo tempo, ataques do Santander que colocam em risco sua saúde e a complementação previdenciária vitalícia, garantias essenciais para uma velhice tranquila.
A Afubesp tem sido uma voz firme nessa luta, lembrando que envelhecer exige reconhecimento, respeito e justiça. Foi nesse espírito que, em junho, lançou a campanha “Junho Violeta”, dedicada à conscientização e prevenção da violência contra a pessoa idosa. Mais do que denunciar maus-tratos domésticos, a iniciativa ampliou o debate para incluir a violência corporativa adotada pelo Santander, impactando a vida de aposentados patrimonialmente e psicologicamente. O movimento ganhou repercussão inclusive no Legislativo, revelando a gravidade do problema.
Um país cada vez mais longevo
O Censo de 2022 mostra que mais de 32 milhões de pessoas têm 60 anos ou mais – o equivalente a 15,6% da população, um crescimento acelerado em pouco mais de uma década. Ao mesmo tempo, dados do Ministério da Saúde e do Disque 100 apontam para números alarmantes de violência contra idosos: apenas em 2022 foram mais de 77 mil denúncias, a maior parte relacionada à negligência, abuso psicológico e financeiro. Entre 2020 e 2023, as notificações chegaram a ultrapassar 400 mil. Esse cenário expõe o quanto o idoso ainda é visto como peso ou descartável, quando deveria ser respeitado como pessoa de direitos e portador de memória social.
É nesse contexto que se insere a batalha dos banespianos. Mais do que números, são exemplos vivos de resiliência. Muitos ajudaram a construir o sistema bancário público paulista e hoje, já na velhice, veem sua tranquilidade ameaçada por disputas que tentam corroer benefícios conquistados ao longo de décadas de trabalho. Não se trata apenas de valores financeiros: está em jogo a segurança emocional de quem teme perder o sustento, os tratamentos de saúde e a possibilidade de envelhecer com autonomia.
O Dia Nacional do Idoso deve, portanto, servir de marco para relembrar que os direitos dessa população não podem ser relativizados. O Estatuto do Idoso garante saúde, respeito, dignidade, lazer e participação social, mas esses direitos só se materializam quando sociedade, empresas e governos se comprometem a defendê-los na prática. Reconhecer a contribuição dos banespianos e garantir a eles estabilidade e proteção é também preservar a memória coletiva de um grupo que ajudou a construir a história do país.
Leticia Cruz – Afubesp