Bancários do Santander debatem estratégias de enfrentamento contra gestão nociva do banco

O Encontro Nacional Santander ocorreu na última sexta-feira (22), durante a 27ª Conferência Nacional dos Bancários, em São Paulo, reunindo sindicalistas e representantes de associações de todo o país. A Afubesp esteve presente e contribuiu com os debates, reforçando a importância da unidade dos trabalhadores diante dos ataques da gestão do banco.
A presidenta da associação, Maria Rosani, participou da mesa de abertura do Encontro e destacou a recente derrota do Santander na retirada de patrocínio do Banesprev, graças ao trabalho da Afubesp junto das entidades sindicais.
“Nos somamos a essa luta reafirmando nosso compromisso histórico com a defesa dos trabalhadores do Santander. Não podemos aceitar que o banco siga fechando agências, cortando empregos e transferindo responsabilidades para modelos precários de contratação, enquanto remete lucros bilionários para a Espanha”, diz. Segundo ela, o evento é um espaço fundamental de resistência e organização coletiva para mostrar que a mobilização dos trabalhadores pode mudar esse cenário.
O encontro analisou o impacto da política do Santander na vida dos bancários e da população. Entre 2019 e 2024, o número de trabalhadores exclusivamente bancários caiu mais de 50%, enquanto foram fechadas 301 agências em todo o país – tendência que se acentuou em 2025, com o encerramento de 558 unidades apenas no primeiro semestre.
“Definimos os pontos que terão a responsabilidade de atender os anseios e as angústias dos trabalhadores do Santander, cada vez mais precarizados pela política da direção do banco, que busca eliminar direitos históricos da categoria bancária”, finalizou Wanessa de Queiroz, coordenadora da COE.
Além disso, os debates incorporaram questões centrais da atualidade, como a preservação dos direitos garantidos no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) específico do Santander.
Não haverá campanha da categoria neste ano pois a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) bancária é válida até 31 de agosto de 2026. As mesas permanentes de negociação continuam.
Debate sobre IA e defesa do emprego bancário
Um dos principais pontos abordados na Conferência foi o avanço acelerado da inteligência artificial, que impulsiona lucros recordes para os bancos ao mesmo tempo em que provoca o fechamento de agências, a terceirização de serviços e a redução de postos de trabalho. Nesse cenário, fintechs sem as mesmas responsabilidades trabalhistas ganham cada vez mais espaço no sistema financeiro.
Economistas do Dieese apresentaram dados que ajudam a compreender a reestruturação em curso e seus efeitos sobre os trabalhadores. De acordo com seus dados, o ramo financeiro emprega hoje cerca de 1 milhão de pessoas, mas apenas 424 mil são bancários.
A substituição de empregos formais por terceirização, pejotização e vínculos precários fragiliza salários, direitos e a organização coletiva dos trabalhadores.
Também tiveram ênfase temas como justiça tributária, taxação de grandes fortunas e a isenção de IR para rendas mais baixas, defesa das estatais, regulação das redes sociais, combate de juros abusivos, fim da escala 6×1, entre outros.
O repúdio às práticas de contratação fraudulenta adotadas pelo Santander foi aprovado como parte das moções da Conferência Nacional.
Afubesp, com informações SP Bancários e Contraf-CUT
Fotos: Luan Silva/SPBancários