Afubesp diz ‘não’ à terceirização do trabalho
Afubesp vai a Brasília lutar pela não aprovação do Projeto de Lei que legaliza a terceirização inclusive das atividades-fim das empresas
Imagine se você bancário trabalhasse para o Santander, mas como um terceirizado, com salário bem inferior e sem direitos trabalhistas. É isso o que pretende o Projeto de Lei (PL) 4330: legalizar a terceirização da mão de obra inclusive das atividades-fim das empresas.
Para mostrar sua indignação contra o PL que precariza as relações trabalhistas, funcionários e diretores da Afubesp enfretaram 35 horas de ônibus de São Paulo -Brasília – São Paulo para participar da manifestação que reuniu diversas categorias de trabalhadores na frente do Congresso Nacional, no dia 7 de abril.
O ato, que era para ser pacífico, foi marcado pela truculência da polícia que não hesitou em bater nos manifestantes, entre eles um diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Nelson Canesin, que, ensaguentado, estampou as capas dos portais de notícias do Brasil.
Apesar do movimento, o PL 4330 foi aprovado por 324 votos a 137 (com duas abstenções) pela Câmara dos Deputados e, após debates de destaques, seguirá para o Senado. A votação, encerrada na noite do dia 8, pode significar o início do fim de direitos trabalhistas conquistados durante muitos anos de luta. As lideranças do movimento sindical prometem manter a resistência em diversas frentes.
Terceirização no setor bancário – Um dossiê feito pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) traz números específicos do setor bancário, que apontam para o uso do artifício da terceirização pelas instituições financeiras para cortar custos e aumentar ainda mais as suas já elevadas margens de lucro.
De acordo com o documento, os terceirizados do setor financeiro ganham em média 1/3 do salário dos bancários e não usufruem dos direitos previstos da Convenção Coletiva de Trabalho como jornada de seis horas e Participação nos Lucros e Resultados (PLR).
O documento compara o piso salarial dos bancários (caixas), que em 2013 era de R$ 1.648,12, com o piso dos terceirizados em telemarketing bancário, que apesar de executarem tarefas bancárias começavam a carreira ganhando R$ 733,10 (jornada de 180 horas/mês) ou R$ 1.240,20 (220 horas/mês).
Érika Soares, Afubesp
Fotos: Camila de Oliveira