Quase 8 milhões de votos no plebiscito da reforma política
Com mais de 90% das urnas apuradas em todos os estados do país, 7,754 milhões de cidadãos participaram do Plebiscito Constituinte pela Reforma Política. A consulta popular esteve na internet e nas ruas de todo o Brasil entre os dias 1º e 8 de setembro perguntando aos cidadãos sobre a criação de uma Assembleia Constituinte para reestruturar o sistema eleitoral brasileiro. E a esmagadora maioria, mais precisamente 97,05% do total apurado, optou pelo “sim”, ou seja, pela criação desse colegiado para promover a reforma política.
“É um resultado extraordinário levando em consideração a força contrária em relação ao plebiscito, fundamentalmente a de não dar voz ao processo na mídia tradicional, que mais uma vez ignorou um ato de cidadania, como se isso não tivesse a mínima importância”, declarou o presidente da CUT, Vagner Freitas, durante a coletiva de imprensa (foto abaixo), na quarta 24, que divulgou os resultados.
Houve, ainda, 2,57% de votos para o “não” e 0,37% de brancos e nulos. O plebiscito foi promovido por movimentos sociais, como a CUT e o Sindicato, e não tem poder legal, já que apenas o Congresso Nacional pode criar uma consulta oficial nos mesmos moldes.
Os 90% de votos apurados levam em conta cédulas convencionais e via internet. Ao todo, foram 40 mil urnas físicas espalhadas por dois mil comitês distribuídos por todos os estados do país.
“Como é que vai fazer a reforma agrária com mais de 160 ruralistas no Congresso Nacional? Quando serão aprovadas as 40 horas semanais de trabalho com mais de 270 empresários no Congresso Nacional? Quando o aborto será descriminalizado com menos de 10% de mulheres no Congresso Nacional?”, questionou o integrante da Secretaria Operativa Nacional do Plebiscito Constituinte pela Reforma Política, Júlio Turra, defendendo a necessidade de mudanças no sistema vigente.
Para João Paulo Rodrigues, outro integrante da Secretaria e da coordenação nacional do Movimento dos Sem Terra (MST), a votação foi resultado das mobilizações de rua que ocorreram em todo o país em junho do ano passado.
“As pessoas que foram às ruas disseram ‘queremos mudanças, queremos melhorias nas políticas publicas’ e somente com essa forma de representatividade [como o plebiscito] nós conseguiremos”, afirmou.
Vagner Freitas ressaltou a participação da juventude na mobilização pela reforma política, mesmo com as denúncias de proibição do governador Geraldo Alckmin de levar as urnas do plebiscito às escolas estaduais.
“Eu até entendo, porque ele é defensor do financiamento empresarial. Se não fosse, duvido que com a força popular conseguiria que o partido dele tivesse a representação que tem hoje no Congresso Nacional”, criticou.
Pressão em Brasília – Agora o passo seguinte será levar os resultados do plebiscito aos três poderes da República para cobrar pela instituição de uma consulta nos mesmos moldes, mas oficial. E isso será feito nos dias 14 e 15 de outubro em um grande ato público.
“Só tem um jeito de a nossa proposta ser vitoriosa, que é igual a fazer feijão: panela de pressão. Com oito milhões de pessoas se manifestando, é óbvio que existe caldo na sociedade”, afirmou o presidente da CUT. “A única forma de fazermos a nossa proposta andar é pressionar, organizadamente, dentro do Congresso e fora dele, ganhado a consciência popular das pessoas”, finalizou Vagner Freitas.
Seeb-SP






