Marcial Portela assume oficialmente presidência do Santander no Brasil

Nesta sexta-feira, dia 4 de fevereiro, o espanhol Marcial Angel Portela Alvarez assume oficialmente a presidência do Santander no Brasil, no lugar do brasileiro Fábio Barbosa, que agora preside o Conselho de Administração do banco. Portela é o braço direito de Emílio Botin, presidente mundial do grupo.

O anúncio da troca das cadeiras foi feito nas vésperas do Natal, por meio de comunicado enviado à imprensa. Na nota, o Santander disse que “Fábio Barbosa já havia demonstrado interesse em deixar a função de diretor presidente da organização, após a finalização do processo de integração e depois de quase três anos na presidência do Santander Brasil”.

Ainda no comunicado, a instituição financeira informou que ele tem “responsabilidade direta nos últimos três anos pela operação brasileira” e acompanhou as evoluções do Santander no Brasil desde 1999, incluindo a aquisição e integração do Banco Real.

A notícia causou um certo reboliço entre os funcionários do banco e a imprensa, rendendo até páginas em revistas de grande circulação.

Para as entidades sindicais, a melhor explicação para a troca é a participação do Brasil nos resultados mundiais do grupo, que em 2010 foi responsável por 25% do lucro mundial do Santander (R$ 7,382), segundo balanço divulgado dia 3/2.

Em vez de deixar um executivo de mercado no comando dessa grande fatia, Emilio Botín, presidente mundial do Santander, preferiu colocar seu braço direito, que se mudou de Madri para São Paulo.

>>>> Lucro do Santander no Brasil é de R$ 7,3 bilhões, 25% do resultado mundial

Avaliação

Há três anos, quando comprou parte do holandês ABN Amro (o que incluía o Banco Real no Brasil) o Santander surpreendeu o mercado ao informar que Barbosa permaneceria na presidência do grupo, contrariando a lógica das fusões no qual o comprador controla o comprado. A mudança de comando é vista por muitos como uma alteração na trajetória do banco no país.

“Avalio que Fábio Barbosa foi indicado, após a aquisição do Real, para passar uma tranquilidade maior ao mercado e aos clientes. Muitos funcionários estavam se desligando após a compra do Santander”, diz a diretora executiva do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e vice-presidente da Afubesp, Rita Berlofa. O grupo, que já é conhecido por seu estilo agressivo, agora com a indicação de um espanhol, deve ficar ainda mais hostil, como apostam alguns analistas.

Bancários exigem respeito e negociações sérias

De acordo com Rita Berlofa, há “um verdadeiro abismo” entre as relações de trabalho estabelecidas pelo Santander na Europa e nos países latino-americanos, em especial o Brasil.

“Nossos trabalhadores são tratados de forma incompatível com o lucro que produzem”, comenta a dirigente. O balanço de 2010 confirma a teoria:a América Latina foi responsável por 43% do total do lucro do Santander em 2010 – 4,804 bilhões de euros.

“Os trabalhadores (do Santander Brasil) esperam que o novo presidente reconheça quem são os verdadeiros responsáveis pelos resultados grandiosos que o banco vem registrando no país e que passe a adotar práticas que propiciem o diálogo e o entendimento”, disse Rita.

Érika Soares – Afubesp