Festa celebra resistência e confirma que, 25 anos após a privatização, banespianos seguem unidos
Abraços, risadas, muitas fotografias e um clima de emoção e nostalgia pairando no ar. Foi assim a grande festa que celebrou os 25 anos da Resistência Banespiana no último sábado, dia 29 de novembro, em meio às árvores e com sol brilhando forte, no Esporte Clube Banespa.
O evento, chamado pela Afubesp, Afabesp, Sindicato dos Bancários de São Paulo, Fetec-SP e Contraf reuniu 330 pessoas, um número que superou as expectativas da organização e confirma o uso do termo família banespiana.
Não eram nem 10 horas, horário marcado para o início do encontro, quando os primeiros chegaram. Engana-se quem acha que estiveram ali apenas quem mora nas proximidades. Alguns percorreram centenas de quilômetros para viver este momento.
Aos poucos, o espaço reservado para essa confraternização foi se enchendo não apenas de pessoas, mas de memórias que fizeram marejar os olhos de alguns.
Foi o caso do banespiano Paulo Moreira, que junto com outros dois colegas, pegaram horas de estrada de Petrópolis a São Paulo para participar da festa e ver passar diante dos olhos as histórias vividas décadas atrás dentro do clube, nas saudosas integrações esportivas e culturais. “A gente entrou no clube veio tudo da mente da gente. Só quem viveu o Banespa sabe o que realmente ele era”, comentou com a voz embargada.
Última banespiana a se aposentar na agência de Petrópolis, o que ocorreu faz pouco tempo, Valéria Beck relembrou que embora estarem no Estado do Rio de Janeiro, o amor pelo Banespa sempre foi grande por lá também: “A gente sabia que é a paixão maior, era em São Paulo. Mas o pessoal no Rio também amava o banco.” Ela contou que na época de luta contra a privatização, os clientes compravam rifas para ajudar nas mobilizações, vestiam a camisa que faziam com os dizeres ‘Somos contra a privatização’.
Também de Petrópolis, Alexandre Eiras, foi dirigente sindical, participou da COE e viveu as duras negociações com o Santander. “Se a gente tá aqui agora, é porque teve muita luta manter o que a gente tem, o Banesprev, a Cabesp. Esse aqui é um momento de confraternização, mas também de união, porque a gente sabe que o banco tá atacando, ele continua. Não dá sossego pra gente.”
Assim como eles, inúmeros outros colegas lembraram os tempos difíceis de luta e resistência, mas não apenas. Muitas histórias boas surgiram durante as horas regadas a churrasquinho, cerveja e música. Um evento que virou mais uma boa recordação para quem participou.
Relíquias do Banespa
O clima de nostalgia foi concretizado na galeria de relíquias que alguns dos colegas levaram para o clube. Troféus, cartões, pins e outros objetos foram expostos em uma mesa e teve quem vestiu camisetas históricas para participar da festa.
Neste sentido, também é importante destacar o painel feito pelas participantes do “Pontos que Unem” – oficina de bordado do Programa Qualidade de Vida – que retratou logotipos do Banespa, da Cabesp, do Banesprev, como eram antes da privatização.
Pequeno ato antes do almoço

Antes de iniciar o almoço, o secretário-geral da Afubesp, Mario Raia, chamou atenção dos colegas da presença de muitos ali – e de outros que não puderem estar – que fizeram história tanto na luta contra a privatização, como os que ainda constroem a resistência contra os ataques do Santander.
Representando tantos nomes importantes, alguns foram convidados a falar brevemente, caso do ex-presidente da Afubesp, Eduardo Rondino, que estava à frente da casa naquele período fatídico e fez um resgate histórico da época e da importância da união dos colegas e da participação da entidade. Também foi ao microfone o ex-diretor representante do Banespa e integrante da CNAB, Oliver Simioni, para deixar um recado ao banco: “Além de confraternizar, estamos também aqui para mostrar para o Santander, e para qualquer gente que queira tirar os nossos direitos, que estamos firmes”, comentou Oliver, que completou: “A eleição da Cabesp desta semana mostrou isso ao Santander: estamos de pé, alertas e não vamos abrir mão dos nossos direitos”.
Já a presidenta da Afubesp, Maria Rosani, que há anos está na luta contra os demandos do Santander também como dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, comentou a fase atual pela qual passam os banespianos: “desde que assumi esse desafio de estar à frente da Afubesp, temos tido grandes desafios, mas graças à colaboração de todos os diretores, dos nossos eleitos conseguimos segurar, até hoje, o Banesprev e a Cabesp de pé mesmo com todas as dificuldades”, disse. “Fico muito feliz de ver tanta gente aqui, que veio de outros estados, de outros municípios para celebrar esses 25 anos de luta e resistência. Se vocês todos continuarem conosco como vocês estão até hoje, tenho certeza que essa vitória será nossa”, concluiu a presidenta.
O deputado estadual, Luiz Cláudio Marcolino, que desde sempre apoia as causas banespianas, lembrou como a mobilização do segmento fez escola para o movimento sindical e as vitórias obtidas mesmo com o desfecho que ninguém queria. “Depois da privatização não deixamos a peteca cair como aconteceu em outros estados. A gente olha para o Banerj, olha para o Bemge, e outros bancos e vê que eles não conseguiram manter, uma pena. Eu reconheço muito a luta que cada um, de cada uma de vocês. Porque se tem hoje Cabesp e Banesprev é porque teve muita luta, é com ela que se conquista.”
Além dos já citados, marcaram presença os ex-presidentes da Afubesp Camilo Fernandes e Paulo Salvador, a diretora executiva do Sindicato de São Paulo,Vera Marchioni, o dirigente da Afabesp, Eros Almeida, os representantes eleitos do Banesprev e da Cabesp, além de vários integrantes da CNAB, como Sérgio Zancopé e Cristina Amorim, o presidente do Comitê Betinho, José Roberto Vieira Barboza, e muitos diretores da Afubesp, incluindo os que travam as lutas lá de longe, no interior de São Paulo e em outros estados, como o Rio Grande do Sul, caso de Ademir Wiederkehr e Paulo Cardoso, da Agabesp.
Vale ainda registrar a presença do primeiro diretor administrativo da Afubesp, um dos fundadores da associação, Dilermando Fernandes, que veio de Campinas para o evento: “É uma honra estar aqui nessa confraternização, que é uma confraternização dos lutadores. A Afubesp é verdadeiramente uma associação que tem lutado pela manutenção dos nossos direitos”.
Texto: Érika Soares
Fotos: Junior Silva







