Santander planeja novas aquisições
Mercado aponta os britânicos Alliance & Leicester e Bradford & Bingley como prováveis alvos
Emilio Botín, presidente do Banco Santander Central Hispano (BSCH), maior banco da Espanha e da América Latina, provocou risos dos auxiliares quando concluía a reunião com 300 analistas e investidores nos escritórios londrinos do Goldman Sachs Group, em 15 de setembro. Depois de explicar o seu plano para a maior aquisição internacional na Europa – a compra do banco hipotecário britânico Abbey National por £ 8,9 bilhões (US$ 16 bilhões) – Botín sorriu e despediu-se dos presentes dizendo: “Até a próxima aquisição”.
Botín, de 70 anos, não estava brincando.
O Santander precisará de mais aquisições para reproduzir a estratégia que seguiu na América Latina, onde Botín gastou US$ 17 bilhões na compra de bancos que controlam 10% do mercado, depois do que reduziu custos integrando sistemas de informática e demitindo empregados. O Abbey, que tem 5% do mercado do Reino Unido, é a primeira compra do Santander no setor de bancos varejistas da Europa fora da Península Ibérica.
“O Abbey é o primeiro passo do Santander para diversificar-se no setor bancário varejista da Europa”, disse Adri de Bruijin, de 41 anos, que administra o equivalente a US$ 1,4 bilhão em bônus, que inclui papéis do Santander, na Robeco Group, de Roterdã. “A longo prazo tentarão ficar com uma participação de mercado de 10%.”
O Santander, com sede nessa cidade natal de Botín na costa norte da Espanha, quer reduzir a dependência da América Latina, que gerou um terço dos seus lucros no ano passado. As ações da empresa recuaram 43% do início de 2001 ao fim de 2002, por causa da crise cambial e das economias da região.
Na quinta-feira, o Santander obteve a aprovação dos acionistas do Abbey, com sede em Londres, o sexto maior banco do Reino Unido em ativos.
O Santander vai comprar o Abbey porque os bancos britânicos são mais rentáveis do que os espanhóis e a economia do Reino Unido está crescendo a um ritmo maior do que a espanhola, segundo uma exposição do Santander para os analistas quando anunciou a oferta de compra em 26 de julho. Os bancos britânicos ganharão cerca de 19% sobre os recursos próprios neste ano, comparados com os 16% dos bancos espanhóis, estimou o Santander. A Grã-Bretanha é o maior mercado bancário da Europa.
Outros possíveis alvos para aquisição poderiam ser o Alliance & Leicester e o Bradford & Bingley, diz Stepehn Hughes, gestor do Clariden Bank, com sede em Zurique, que administra o equivalente a US$ 24 bilhões, inclusive ações do Santander. Teria sentido somar negócios semelhantes à plataforma que acabam de adquirir com o Abbey, disse Hughes, de 53 anos.
A compra do Alliance & Leicester, com sede em Leicester, no Reino Unido, e as suas 254 sucursais, aumentariam a participação de mercado do Santander no país para 8,5% e criaria espaço para o fechamento de escritórios. O Santander só tem um escritório no Reino Unido, de forma que a compra do Abbey com 741 agências não permitirá reduzir custos fechando escritórios. O Bradford & Bingley tem a sua sede central na cidade de Bingley.
“O Abbey não deu uma escala real no Reino Unido”, disse Richard Peirson, gestor da Framlington Investment Management, de Londres, que administra US$ 6,4 bilhões em renda variável.
Richard Dwkins, porta-voz da Alliance & Leicester, e Siobhan Hotten, do Bradford & Bingley, declararam que os seus bancos não estão procurando comprador, embora terão de considerar ofertas de aquisição. “Se alguém nos apresentasse uma oferta, teríamos a obrigação para com nossos acionistas de estudá-la, mas isso não significa que estejamos no mercado”, disse Hotten.
fonte: Gazeta Mercantil






