Zero Hora: Assaltos apavoram bancários no RS
Os assaltos a banco e financeiras foram destaque na edição de ontem, dia 8, do jornal Zero Hora de Porto Alegre. A FEEB-RS enviou à SJS sugestões de medidas a serem adotadas para frear a violência. Foram oito assaltos em seis dias do mês de setembro.
Veja a íntegra da reportagem:
Onda de ataques a agências assusta bancários gaúchos. Foram oito ações criminosas nos seis primeiros dias do mês Os ataques cada vez mais ousados e freqüentes estão levando medo a clientes e funcionários de agências bancárias no Estado. Segundo a Federação dos Bancários do Rio Grande do Sul, o número de ataques a bancos em agosto cresceu e superou o de julho. Pela quantidade de assaltos já contabilizados em setembro, a entidade teme que o número seja novamente superado. Somente nos seis primeiros dias foram oito ataques a bancos e financeiras.
A ousadia dos assaltantes, os planejamentos minuciosos e o aparato utilizado nos ataques preocupam bancos, autoridades, bancários e dirigentes sindicais. O cárcere de gerentes e, no último fim de semana, o uso de explosivos para assaltar uma agência do Banco do Brasil em Ivoti mostram a dimensão do problema. Em julho, em uma das ações mais ofensivas, entre 15 e 20 homens mantiveram em cativeiro, durante uma noite, a família de um gerente, o seu vizinho e os familiares da empregada. No dia seguinte, usaram o bancário para entrar no banco e fizeram funcionários e clientes reféns.
No último dia de agosto, uma gerente do Santander foi feita refém com o marido e o filho em Sapucaia do Sul. O alvo dos criminosos era um posto bancário em São Leopoldo. Conforme a federação, em julho houve 17 ataques (entre tentativas e assaltos) e, em agosto, 20. Nesses números estão incluídos bancos, lotéricas, cooperativas de crédito e postos bancários.
Segundo a Secretaria da Justiça e da Segurança (SJS), o número de assaltos a banco caiu este ano. De janeiro a agosto de 2003, houve 80 registros no Estado. No mesmo período deste ano, foram 49, conforme a SJS.
– Os bancários têm trabalhado com medo, apavorados com o crescimento da violência. Os resultados não são apenas bancários com problemas físicos, mas há gente traumatizada psicologicamente – afirma Ademir Wiederkehr, diretor da federação e do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre.
Desde julho a federação faz o levantamento do número de assaltos no Estado. Para isso, criou o Disque-assalto – (51) 3212-1200 -, um serviço para estimular o repasse de informações sobre assaltos por bancários, clientes e vigilantes. A entidade utiliza as notícias veiculadas na imprensa para fazer o levantamento.
– Muitos assaltos não são registrados na polícia, porque os bancos têm uma política de zelar pela imagem. Queremos contribuir com as estatísticas oficiais – diz Wiederkehr.
Em julho, foi reativado do Grupo de Trabalho Interinstitucional de Segurança Bancária, coordenado pela SJS, com a participação de bancários, representantes de bancos, polícias e vigilantes.
As propostas da FEEB-RS:
A Federação dos Bancários do Estado encaminhou na segunda-feira as sugestões para o Grupo de Trabalho Interinstitucional de Segurança Bancária:
– Mais policiais nas ruas
– Integração entre as polícias
– Mais investimento dos bancos em equipamentos de segurança, como câmeras de segurança e vigilantes nas áreas de auto-atendimento
– Que a porta giratória seja instalada na entrada das agências, antes do setor de auto-atendimento
– A federação quer que as cooperativas de crédito sejam enquadradas pelo Banco Central como agências, para que adotem a mesma estrutura de segurança
Contraponto
O que diz a Secretaria da Justiça e da Segurança (SJS):
Por meio da assessoria de imprensa, a SJS informou que o Grupo de Trabalho Interinstitucional de Segurança Bancária vem tendo duas atuações. Na parte policial, em que todos os órgãos policiais se reúnem para estudar as atuações dos criminosos em cada assalto.
E no estudo de medidas que melhorem a segurança nas instituições bancárias, como mudanças na legislação e mecanismos de defesa. Uma das propostas é que lotéricas incrementem a segurança.
O motivo da insegurança:
Assaltos e tentativas, segundo dados da federação dos bancários:
6 de setembro – A agência do Sicredi em Júlio de Castilhos é atacada. Os ladrões só conseguem assaltar uma cliente.
4 de setembro – Em Ivoti, ladrões usam explosivos para arrombar a sala de auto-atendimento da agência do Banco do Brasil.
3 de setembro – Seis encapuzados armados invadem uma empresa, na localidade de Monte Bérico, para assaltar o posto do Bradesco. Na manhã do mesmo dia, uma financeira no centro de Porto Alegre é atacada por dois assaltantes.
2 de setembro – O Unicred de Novo Hamburgo é alvo de criminosos. No mesmo dia, a agência do Sicredi de Vila Nova do Sul é atacada por quatro homens, dois deles armados de fuzis.
1º de setembro – As agências do Banrisul em Viamão e a do Banespa em Novo Hamburgo são assaltadas.
31 de agosto – A gerente do posto bancário do Santander na Unisinos, em São Leopoldo, seu filho e seu marido são mantidos reféns durante 12 horas por quatro homens armados.
27 de agosto – A agência Bom Conselho do Banrisul na Rua Ramiro Barcelos, na Capital, é assaltada. Pelo menos três homens participam do assalto. Dois caixas eletrônicos da agência Tamandaré do Banco do Brasil em Rio Grande são arrombados às 22h. Os ladrões levam todo o dinheiro, mas o valor furtado não é divulgado.
18 de agosto – Três homens atacam o posto bancário do Banrisul no Centro Clínico da PUCRS, na Capital. Os assaltantes se disfarçam de médicos, com jalecos brancos.
13 de agosto – Um bando assalta a agência do Banco do Brasil da Avenida Getúlio Vargas, no bairro Niterói, em Canoas. O grupo foge, abandona e põe fogo no veículo. Três assaltantes são presos.
5 de agosto – Quatro homens assaltam, às 14h, o Unibanco da Avenida São Pedro, bairro São Geraldo, na Capital.
fonte: Márcio Britto/Zero Hora