VEJA TEXTO DE NIVALDO SANTANA SOBRE A LUTA DOS BANESPIANOS
A luta contra a privatização do Banespa já dura cinco anos e acabou ganhando amplos setores da sociedade, inclusive uma boa parte dos deputados na Assembléia Legislativa. Ainda em fevereiro, o parlamento paulista foi palco do lançamento da campanha para a realização de um plebiscito que consulte a população sobre a conveniência ou não da privatização. A Associação dos Funcionários do Banespa (Afubesp) pretende recolher mais de um milhão de assinaturas em abaixo-assinado que será entregue à presidência da Assembléia Legislativa e ao Tribunal Regional Eleitoral. Para que o plebiscito seja aprovado, são necessárias, no mínimo, 200 mil assinaturas.
A aposta dos funcionários do Banespa de que conseguirão esse grande número de assinaturas tem base na realidade. Uma pesquisa do Datafolha, publicada no dia 13 de fevereiro pelo jornal Folha de S.Paulo, mostra que 48% dos paulistanos são contrários à privatização do Banespa e apenas 28% favoráveis à venda.
Mais do que um símbolo de São Paulo, o Banespa continua sendo fundamental para o desenvolvimento do Estado.
No interior, a luta contra a privatização adquiriu força, principalmente porque a atuação do banco e de seus funcionários em defesa dos interesses da sociedade ganhou a população. O Banespa desenvolve serviços que outros bancos, privados, não se mostram dispostos a fazê-lo. Cabe destacar a atuação do banco no financiamento ao setor rural e apoio aos municípios.
A tentativa de privatizar obedece a orientação geral da política econômica do governo de Fernando Henrique Cardoso. Ao ponto do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, defender esta posição até na presença dos presidentes dos bancos estaduais. Convidado para falar sobre as perspectivas do Sistema Financeiro Nacional, em um seminário promovido pela Associação Brasileira dos Bancos Estaduais, no mês passado, Fraga causou constrangimentos ao fazer um veemente discurso defendendo o fim dos bancos estaduais.
Mas a pressão para manter o Banespa sob o controle do Estado é grande e repercute também na Justiça. O Banco Central pretendia abrir a sala de dados sobre o Banespa no último dia 13 mas não conseguiu, impedido por uma liminar. Essa liminar foi cassada mas continua suspenso o processo de privatização. Embora o esforço para atender às exigências do Fundo Monetário Internacional (FMI), a tendência é que essa “guerra de liminares” continue por algum tempo, se não inviabilizando, pelo menos atrasando a privatização.
As privatizações generalizadas têm prejudicado à população que, hoje, já consegue ter exata noção do prejuízo. As tarifas subiram e aumentou o número dos que não conseguem pagar por serviços essenciais. A assinatura residencial do telefone já aumentou 2.600%, passando de R$0,61 para R$16,49. A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) autorizou dois reajustes anuais, que podem significar um aumento de 85% até o ano de 2005.
Já as empresas de energia elétrica estão eliminando a chamada tarifa básica, cobrada de quem tinha pequeno consumo em favelas ou na periferia. Nestes casos, o aumento no valor das contas chega a 250%, em média.
Diz bem um diretor da Afubesp (Associação dos Funcionários do Banespa) quando afirma que “cada data não cumprida no cronograma do governo é uma vitória para os banespianos e demais brasileiros que defendem a soberania nacional”.
Diante do entreguismo deslavado de Fernando Henrique Cardoso e do governador Mário Covas, a resistência contra a entrega do Banespa, a cada dia que passa adquire maior importância e vai somando forças para derrotar definitivamente esta política, retomar o desenvolvimento do Estado e reconstruir o país.
Nivaldo Santana, deputado estadual, líder do PCdoB na Assembléia Legislativa