VEJA ÍNTEGRA DO PRONUNCIAMENTO DE BERZOINI SOBRE O BANESPA
Íntegra do pronunciamento feito há pouco na Câmara dos Deputados pelo deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP), ex- presidente do Sindicato dos Bancários de SP, sobre a necessidade de apuração rigorosa do processo de preparação para a privatização do Banespa
“A revelação pelo jornal Folha de S. Paulo dos diálogos entre o Presidente da República e o então presidente do BNDES confirmam e ampliam a gravidade daquilo que denunciamos em março passado. Naquela ocasião, tivemos acesso à denúncia de um diretor da PREVI, eleito pelos funcionários – e, por isso mesmo, com a responsabilidade maior de zelar pelos interesses de seus representados –, de que o banco Opportunity havia sido favorecido por influência de membros do governo FHC na privatização das teles. Por conta dessa denúncia, representamos junto ao Ministério Público Federal no DF para que o fato fosse devidamente investigado e para que se transforme em ação de improbidade contra o ex-ministro e agora dirigente do PSDB, Mendonça de Barros.
Na verdade, a participação direta do Presidente da República nesse episódio, além de chocar a opinião pública até mesmo pelo linguajar utilizado pela mais alta autoridade do país, apenas vem confirmar o modo muito particular como o tucanato encara os bons negócios surgidos com as privatizações.
Isso reforça ainda mais a nossa denúncia de que o processo de preparação para a privatização do Banespa deve ser investigado de forma rigorosa, a fim de que não tenhamos que apenas procurar culpados no futuro próximo, mas que possamos evitar o crime antes que se consume.
Pois bem, Sr. Presidente, o consórcio escolhido em licitação eivada de vícios para a avaliação e modelagem da privatização do Banespa é o liderado pelo Banco Fator, que tem como um dos proprietários o Sr. Sylvio Bresser Pereira, irmão do Ministro Bresser Pereira, membro destacado do grupo do tucanato paulista, o mesmo ao qual pertence o Sr. Mendonça de Barros.
Curiosamente, há um outro irmão do ministro que já pertenceu aos quadros do Banco Fator, como consultor e que também foi diretor financeiro da Telebrás. Esse senhor, de nome Sérgio Luiz Gonçalves Pereira, foi indicado para o Conselho de Administração do Banespa, pós-intervenção. Ou seja, um irmão Ministro, que coincidentemente foi tesoureiro da campanha de FHC e sempre foi membro destacado do comando de negócios do tucanato, ao qual pertencem Lara Resende, Mendonça de Barros e Pérsio Arida, entre outros. Outro irmão era diretor da Telebrás, empresa que se reportava ao Ministério da Comunicação, dirigido por Mendonção, também poderoso membro do braço financeiro do tucanato, e acaba sendo nomeado para o conselho de administração do banco a ser privatizado. E o outro irmão é sócio do banco que vence a licitação, pasmem, com um preço 65% abaixo dos oferecidos por seus concorrentes, o que por si só já levanta suspeitas sobre a concorrência.
Ou seja, Sr. Presidente, é muita coincidência no mesmo caso, e como em política e portanto em relações de poder, não existem coincidências, este deputado vai ingressar com representação ao Ministério Público Federal, a fim de que se apurem as irregularidades deste processo. Ao mesmo tempo, quero parabenizar o Sindicato dos Bancários de São Paulo, do qual tive a honra de ser presidente por quatro anos, pela liminar obtida na Justiça Federal, suspendendo o presente processo.
A privatização do Banespa, se consumada, já se constituirá num crime contra o patrimônio do povo de São Paulo. Se construída, como no caso denunciado pela Folha com tamanha promiscuidade, como no caso Telebrás, será uma ilicitude ainda maior. E quando a promiscuidade envolve irmãos, já se trata de incesto, praticado pelo braço financeiro do tucanato paulista. Afinal, Mendonça de Barros admitiu ao próprio irmão: “Todo mundo mente, inclusive eu”. Chega de mentira e promiscuidade, Sr. presidente.
Era o que tinha a dizer.”
credito: 1Íntegra do pronunciamento feito há pouco na Câmara dos Deputados pelo deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP), ex- presidente do Sindicato dos Bancários de SP, sobre a necessidade de apuração rigorosa do processo de preparação para a privatização do Banespa
“A revelação pelo jornal Folha de S. Paulo dos diálogos entre o Presidente da República e o então presidente do BNDES confirmam e ampliam a gravidade daquilo que denunciamos em março passado. Naquela ocasião, tivemos acesso à denúncia de um diretor da PREVI, eleito pelos funcionários – e, por isso mesmo, com a responsabilidade maior de zelar pelos interesses de seus representados –, de que o banco Opportunity havia sido favorecido por influência de membros do governo FHC na privatização das teles. Por conta dessa denúncia, representamos junto ao Ministério Público Federal no DF para que o fato fosse devidamente investigado e para que se transforme em ação de improbidade contra o ex-ministro e agora dirigente do PSDB, Mendonça de Barros.
Na verdade, a participação direta do Presidente da República nesse episódio, além de chocar a opinião pública até mesmo pelo linguajar utilizado pela mais alta autoridade do país, apenas vem confirmar o modo muito particular como o tucanato encara os bons negócios surgidos com as privatizações.
Isso reforça ainda mais a nossa denúncia de que o processo de preparação para a privatização do Banespa deve ser investigado de forma rigorosa, a fim de que não tenhamos que apenas procurar culpados no futuro próximo, mas que possamos evitar o crime antes que se consume.
Pois bem, Sr. Presidente, o consórcio escolhido em licitação eivada de vícios para a avaliação e modelagem da privatização do Banespa é o liderado pelo Banco Fator, que tem como um dos proprietários o Sr. Sylvio Bresser Pereira, irmão do Ministro Bresser Pereira, membro destacado do grupo do tucanato paulista, o mesmo ao qual pertence o Sr. Mendonça de Barros.
Curiosamente, há um outro irmão do ministro que já pertenceu aos quadros do Banco Fator, como consultor e que também foi diretor financeiro da Telebrás. Esse senhor, de nome Sérgio Luiz Gonçalves Pereira, foi indicado para o Conselho de Administração do Banespa, pós-intervenção. Ou seja, um irmão Ministro, que coincidentemente foi tesoureiro da campanha de FHC e sempre foi membro destacado do comando de negócios do tucanato, ao qual pertencem Lara Resende, Mendonça de Barros e Pérsio Arida, entre outros. Outro irmão era diretor da Telebrás, empresa que se reportava ao Ministério da Comunicação, dirigido por Mendonção, também poderoso membro do braço financeiro do tucanato, e acaba sendo nomeado para o conselho de administração do banco a ser privatizado. E o outro irmão é sócio do banco que vence a licitação, pasmem, com um preço 65% abaixo dos oferecidos por seus concorrentes, o que por si só já levanta suspeitas sobre a concorrência.
Ou seja, Sr. Presidente, é muita coincidência no mesmo caso, e como em política e portanto em relações de poder, não existem coincidências, este deputado vai ingressar com representação ao Ministério Público Federal, a fim de que se apurem as irregularidades deste processo. Ao mesmo tempo, quero parabenizar o Sindicato dos Bancários de São Paulo, do qual tive a honra de ser presidente por quatro anos, pela liminar obtida na Justiça Federal, suspendendo o presente processo.
A privatização do Banespa, se consumada, já se constituirá num crime contra o patrimônio do povo de São Paulo. Se construída, como no caso denunciado pela Folha com tamanha promiscuidade, como no caso Telebrás, será uma ilicitude ainda maior. E quando a promiscuidade envolve irmãos, já se trata de incesto, praticado pelo braço financeiro do tucanato paulista. Afinal, Mendonça de Barros admitiu ao próprio irmão: “Todo mundo mente, inclusive eu”. Chega de mentira e promiscuidade, Sr. presidente.
Era o que tinha a dizer.”
Fonte: Afubesp