VEJA ATAQUE DOS INTERVENTORES À AFUBESP
Interventores querem cassar liberação de
5 diretores da Afubesp
No vale-tudo para defender o projeto de privatização do Banespa, o Conselho Diretor afronta um valioso princípio democrático e ataca direito de livre organização dos funcionários.
Primeiro tiraram o acesso da Afubesp ao AE e impediram a circulação das publicações da entidade pelo malote. Depois vieram com a proposta de exclusão da Afubesp e Direp/Corep do Acordo Coletivo. Agora chamam de volta para a agência cinco diretores da Executiva da Afubesp, entre eles o presidente da entidade.
Hoje de manhã, cinco diretores da Afubesp foram surpreendidos por uma carta da Dirhu, determinando que no dia 1o de março – dentro de 4 dias úteis, portanto – reassumam suas funções no local de trabalho.
Dessa forma, o presidente Eduardo Rondino, e os diretores Mario Sérgio Castanheira, tesoureiro, José Aparecido da Silva (Chocolate), diretor de divulgação, Antônio Carlos Conquista, diretor de convênios e Ângelo César Malacrida, diretor regional de Presidente Prudente/Assis seriam forçados a abandonar suas atribuições na Afubesp, para as quais foram democraticamente eleitos pelos banespianos associados da entidade. Um exercício de representação que já dura quase 16 anos (a Afubesp foi fundada em 21/6/83) e nunca antes fora questionado por nenhuma direção do banco.
O motivo da retaliação é claro, claríssimo, e não consta da carta enviada pela Dirhu. O que eles, interventores, não suportam é confrontar com a atuação persistente e em várias frentes da diretoria da Afubesp na luta contra o fechamento de agências e em defesa do Banespa e do emprego de seus funcionários.
Por isso, partem para o artifício covarde e autoritário da retaliação com vistas não só a privatizar o banco, como entregá-lo já pronto, para que os eventuais compradores sequer tenham trabalho para demitir funcionários ou liquidar entidades de representação, essa “coisa” que dá calafrios nos banqueiros, tanto os tupiniquins quanto os estrangeiros ávidos por, lucro fácil, mão-de-obra barata e governos condescendentes.
Sem liberação, os dirigentes da Afubesp ficam tolhidos no exercício da representação que lhes foi delegada pelos associados. Não poderão, por exemplo, percorrer agências para debater as armadilhas da proposta apresentada pelo Conselho Diretor, nem mesmo gerir a entidade.
Que fique claro que não se trata de uma retaliação pessoal a esse ou aquele dirigente. A decisão é política. O que está em jogo é o direito dos funcionários de se organizarem e elegerem democraticamente representantes para defender seus interesses e intermediar suas reivindicações. O Conselho quer é impedir que os banespianos possam questionar sua forma de administrar o Banespa.
Não conseguem engolir a competência profissional dos banespianos que assegurou os excelentes resultados obtidos pelo banco, apesar deles. Um profissionalismo que adveio do hábito salutar de exercer a democracia e a cidadania, pois só isso permite a troca de experiências necessárias para tocar um projeto em que todos vestem a mesma camisa, sem máscaras.
Felizmente o Banespa não está privatizado e se depender do funcionalismo, não o será. A atitude autoritária da direção apenas mostra mais claramente para os funcionários que as entidades de representação têm razão, quando combatem a proposta do banco pelo que contém nas suas entrelinhas: uma armadilha para jogar os banespianos no olho da rua, como aconteceu no Banerj, no Meridional, no Credireal e em várias outras empresas que foram privatizadas.
Felizmente, também, a conjuntura não é a mesma de quatro anos antes, quando o Banespa sofreu intervenção do Banco Central e podemos sair vitoriosos em nossa luta para barrar os planos do governo federal e de seus prepostos no Banespa.