Sindicalistas apresentam reivindicações para Lula
Mais de 1.000 sindicalistas de todo o país, da CUT, e de várias centrais sindicais participaram de um ato público na tarde de segunda-feira, dia 11, em Brasília. O presidente da CNB/CUT, Vagner Freitas, e o presidente e o secretário-geral da Afubesp, Aparecido Sério da Silva e Marcos Benedito, respectivamente, estiveram entre as lideranças presentes.
Vagner avalia que a atividade “bastante representativa foi uma grande demonstração de apoio do Movimento Sindical” ao governo Lula. “A eleição de Lula foi importantíssima para brecar o processo de mais de 500 anos de exploração e dominação do trabalhador brasileiro. Continuaremos a apoiar o governo eleito pelos trabalhadores, mas sem deixar de reivindicar mudanças, fundamentalmente na política econômica”, declarou o presidente da CNB/CUT.
“Esse palco virou uma espécie de palco de manifestações democráticas”, observou Lula. E ressaltou seu agradecimento ao gesto: “O momento que estamos vivendo é ruim do ponto de vista político, mas importante para provar que é possível extirpar a corrupção nacional”.
Lula lembrou ainda que não cabe ao presidente mandar prender ninguém, mas à Justiça. “O que o Presidente da República deve fazer é providenciar que tudo seja investigado. Não importa que seja amigo ou adversário, meu partido ou partido do adversário, meu sindicato ou qualquer outro”, garantiu.
O presidente afirmou ainda que o PT deve dar o bom exemplo e mostrar que se alguém cometeu um erro dentro do partido tem que ser punido. “Ao PT, que nasceu num momento histórico deste país, cabe a ele o gesto exemplar de investigar na sua casa”, enfatizou.
O encontro durou cerca de uma hora e foi entregue a Lula uma carta que lembra os cinco séculos de injustiças, racismo, discriminação, geração de miséria, desemprego e concentração de renda no Brasil. O documento cita o processo de reconstrução da democracia, que levou a um governo liderado por um operário e acusa os setores que “vêm se aproveitando de denúncias contra membros do governo e seu partido majoritário para sustentar um verdadeiro espetáculo de denuncismo cujo objetivo é colocar um fim prematuro ao governo do primeiro trabalhador eleito Presidente da República na história da nossa Pátria, impedir sua reeleição ou tutelar seu mandato”.
Na carta entregue ao presidente, os sindicalistas afirmam que tão importante quanto pedir apuração e punição dos responsáveis pela corrupção, é a continuidade deste projeto que exige antes de tudo reforçar o processo de mobilização dos trabalhadores em todo o País.
De acordo com os signatários, esta mobilização deve ser construída a partir de uma plataforma unificada de lutas, que contemple: mudança da política econômica, com redução da taxa básica de juros, para gerar mais emprego e renda; reforma política e eleitoral democrática; aumentos reais de salário; salário mínimo digno; redução da jornada sem redução de salário; e reforma sindical democrática.
No encontro, falaram em nome das entidades presentes o presidente em exercício da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Wagner Gomes, o presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Antonio Neto, e o presidente da Federação dos Empregados no Comércio do Estado de São Paulo, Paulo Lucânia.
O ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, que transmitiu ontem o cargo para o sindicalista Luiz Marinho, destacou, em seu discurso, resultados do atual governo como a criação de 100 mil empregos formais por mês, em média, contra oito mil do governo anterior.
Durante o evento, representantes da delegação da CUT da Bahia presentearam o presidente Lula com figa, carranquinha do Rio São Francisco, sabonetes de arruda e sal, e fitas de Nosso Senhor do Bonfim “para todos os ministros”.
Veja a íntegra do documento entregue para Lula:
Carta aos trabalhadores e à sociedade brasileira:
este Presidente foi eleito por nós!
A história do povo brasileiro é uma história de cinco séculos de exploração do suor do trabalhador brasileiro, de coronelismo, ditaduras e de outros modelos de autoritarismo e populismo. Foram cinco séculos de injustiças, racismo, discriminação, geração de miséria, desemprego e concentração de renda. É este cenário secular de exploração que explica o grave processo de corrupção dos costumes políticos que, a partir das décadas recentes começou a tornar-se público e mostrar toda sua amplitude.
Nas últimas décadas, com o sacrifício de muitos de seus filhos, e liderada pelos trabalhadores, a sociedade brasileira retomou um processo de construção democrática. Este projeto acabou resultando no fim da ditadura militar e no fortalecimento da democracia. Foi dentro deste processo que, em 2002, com o apoio decisivo do movimento sindical brasileiro, conseguimos eleger um trabalhador – o companheiro Lula – para nos representar no cargo máximo da República.
No entanto, inconformados com o avanço deste nosso projeto histórico, nas últimas semanas, representantes de determinados setores, responsáveis pela fisiologia e corrupção que impera na cultura política de nossa sociedade, vêm se aproveitando de denúncias contra membros do governo e seu partido majoritário para sustentar um verdadeiro espetáculo de denuncismo cujo objetivo, mascarado pela luta contra a corrupção, é colocar um fim prematuro ao governo do primeiro trabalhador eleito Presidente da República na história da nossa Pátria, impedir sua reeleição ou tutelar seu mandato.
Diante da gravidade deste quadro, em alto e bom som, reunidos em Brasília, nesta segunda-feira, 11 de julho, dirigentes de centrais sindicais, de entidades de classe, de federações, de sindicatos e sindicalistas brasileiros, abaixo assinados, além de reafirmar a necessidade da mais ampla e profunda apuração e punição de todos os responsáveis pelos episódios de corrupção fartamente publicados, decidem denunciar à sociedade brasileira, e aos trabalhadores em especial, esta escandalosa ofensiva que tenta obstruir a construção do projeto histórico representado pelo companheiro Lula.
Tão importante quanto pedir apuração e punição dos responsáveis pela corrupção, é a continuidade deste projeto que exige antes de tudo reforçar o processo de mobilização dos trabalhadores em todo o País. E, para nós, esta mobilização deve ser construída em torno da seguinte plataforma unificada de lutas:
– Mudança da política econômica, com redução da taxa básica de juros, para gerar mais emprego e renda;
– Reforma política e eleitoral democrática;
– Aumentos reais de salário;
– Salário mínimo digno – política de reposição de seu valor real;
– Redução da jornada sem redução de salário;
– Reforma sindical democrática;
Acima de nossas diferentes maneiras de enxergar o mundo do trabalho e a realidade brasileira, queremos, ao concluir esta carta, reafirmar nossa disposição de arregaçar mangas em torno desta plataforma e mobilizar a sociedade brasileira em defesa das instituições democráticas e da presença de um trabalhador à frente da Nação e do Estado brasileiro.
fonte: Carolina Coronel (CNB/CUT) e Fenae Net