Santander vai fechar 34 agências em todo país, diz ata do Comitê de Rede
O Santander decidiu efetuar o fechamento de 34 agências. A informação consta em ata de reunião do Comitê de Rede Banespa e Santander, realizada no dia 10 de fevereiro, que foi coordenada pelo vice-presidente de Rede, Pedro Coutinho, e reuniu os principais executivos e superintendentes do Grupo Santander Banespa em todo o país. Até o presidente Gabriel Jaramillo participou do encontro.
O documento avalia o Santander afirmando que “o salto dado em 2003 e o ritmo foram bons, mas não garantem o futuro. Há mais de 100 agências deficitárias e 34 definidas para fechamento para organização da Rede”.
Na sexta-feira, dia 27, algumas demissões ocorreram em agências do Santander no interior do Rio Grande do Sul, revelando que o processo de fechamento está deflagrado. Houve dispensas em Palmares do Sul (3) e Três Coroas (1), cujas unidades deverão ser extintas no final de março.
Os sindicatos gaúchos apuraram que também estão com os dias contados as agências de Três Cachoeiras, Santa Isabel (Viamão), Encantado, Feliz, entre outras. Enquanto vários bancários começaram a ser mandados embora, alguns receberam promessas de remanejamento para unidades próximas.
O tesoureiro da CNB/CUT e diretor da Federação dos Bancários do RS, Paulo Stekel, está articulando, através da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander Banespa, uma reunião específica com a direção do banco para discutir o fechamento de agências e a preservação do emprego dos funcionários atingidos. “É inaceitável que o grupo espanhol, que lucrou R$ 4,6 bilhões nos dois últimos anos no Brasil, prejudique ainda mais o atendimento dos clientes, jogando pais e mães de família no olho da rua e aumentando o desemprego e a exclusão social”, protesta.
Stekel denuncia que tais demissões ocorrem depois da negociação feita no dia 20 de fevereiro, quando o banco garantiu a suspensão de novas demissões e agendou nova negociação para a próxima terça-feira, dia 9. “Os sindicatos não devem homologar essas dispensas, pois elas contrariam a palavra empenhada pelo banco”, propõe o dirigente sindical.
Além disso, o dirigente orienta os sindicatos com agências do Santander em suas bases para que efetuem um levantamento sobre a situação dessas unidades, aproveitando para dialogar com os funcionários e convocar o encontro nacional que será realizado no próximo dia 13, em São Paulo. “Vamos construir uma grande mobilização contra as demissões e em defesa do emprego para barrar os ataques dos espanhóis e exigir responsabilidade social”, conclama o representante.
Assédio Moral – Na ata da referida reunião constam também várias definições de política operacional e recursos humanos que, se implementadas, irão trazer mais assédio moral e pressão sobre os bancários. Consta, por exemplo, que todos os gerentes de negócios receberão cartilhas com entrega sob protocolo. “Quem não cumprir estará sujeito a ser demitido”, ameaça o documento. O banco alerta inclusive para o endividamento do pessoal. “RH está fazendo levantamento, mas temos muitos funcionários endividados. Na CLT o bancário pode ser demitido por ter 1 cheque sem fundos”, lembra o relatório que está apavorando as agências.
O presidente do Grupo Santander Banespa explicou na tal reunião que “seu trabalho neste ano estará na Gestão de RH para que seja praticada no banco todo uma cultura de 1º mundo e que nossa forma de trabalhar seja diferenciada”.
Segundo Jaramillo, os funcionários terão avaliação formal duas vezes por ano. “As pessoas com baixo desempenho e atitudes contrárias aos nossos objetivos e valores deverão deixar a instituição e as que possuem bons resultados eticamente conseguidos devem ter melhores oportunidades”, cutuca o colombiano que preside o grupo no Brasil, gerando medo e preocupação.
Para Stekel, “o banco deveria elevar a auto-estima dos funcionários, melhorar as condições de saúde e trabalho, acabar com o assédio moral e valorizar o emprego e os direitos da categoria, em vez de partir para ameaças e maldades que somente provocam pânico entre os bancários e nada contribuem para o crescimento da instituição e a qualidade do atendimento aos clientes”. O representante sindical exige “respeito e dignidade para quem constrói a grandeza do banco”.
fonte: CNB-CUT e Federação dos Bancários do RS