Santander lucra mais que o esperado no semestre, com ajuda do Abbey
O banco espanhol Santander, segundo maior do país, divulgou na quarta-feira, dia 27, lucro acima do esperado no primeiro semestre, de 2,55 bilhões de euros (US$ 3,08 bilhões), crescimento de 35,2% em comparação a igual período de 2004. No segundo trimestre deste ano, o Santander teve ganho de 1,366 bilhão de euros, 15% acima dos três meses anteriores. O britânico Abbey, cuja aquisição pelo Santander foi concluída em novembro de 2004, foi destaque no balanço, com receitas estáveis e ganhos de mercado no período.
Pela primeira vez, os resultados do Abbey foram incluídos no balanço, com um aporte de 321 milhões de euros de lucro no semestre. Sem o Abbey, os resultados teriam crescido 18,2% sobre o mesmo período de 2004. Os recursos de 717 milhões de euros obtidos pela venda da participação de 2,57% do Royal Bank of Scotland foram usados na íntegra para dotar uma provisão destinada a cobrir possíveis contingências e, portanto, não afetaram o lucro atribuído do grupo Santander.
O lucro do semestre ficou acima das estimativas de analistas consultados pela agência Reuters, que apontavam para um resultado de 2,46 bilhões de euros. Eles ressaltaram que o maior banco da zona do euro mostrou força na maioria de suas divisões de negócios. O resultado do Abbey no mercado de hipotecas, foco da atenção desde a compra pelo Santander no ano passado, subiu 700 milhões de libras esterlinas (US$ 1,2 bilhão), no segundo trimestre, depois de ter caído 600 milhões de libras no primeiro trimestre do ano.
Já os custos operacionais do Abbey caíram 7% no segundo trimestre em comparação ao primeiro. “O Abbey está muito bem, o empréstimo líquido está bom, assim como sua participação de mercado… há sinais claros de uma reviravolta”, afirmou o analista do Dresdner Kleinwort Wasserstein, Arturo de Frias.
Mais da metade do lucro total do banco vem de negócios na Europa; 32% é gerado pela América Latina; e 12% pela Grã-Bretanha. No Brasil, maior aposta do grupo na América Latina, o Santander registrou fraca performance, mas mostrou melhora em relação ao primeiro trimestre.
Os resultados das operações de varejo do Santander na Espanha foram particularmente fortes, com o lucro aumentando 45,9% na comparação anual.
O presidente do conselho de administração do Santander, Emilio Botín, pretende aumentar o lucro em 39% este ano, para um recorde de 5 bilhões de euros, depois que a compra do Abbey, por US$ 15 bilhões, ajudou a duplicar os empréstimos mundiais no segundo trimestre. O lucro da unidade britânica cresceu 14% no primeiro semestre.
O principal executivo do Santander, Alfredo Saenz, afirma que o banco espera obter cerca de 400 milhões de euros em ganhos de capital com a venda de sua participação na Amena, a unidade de telefonia móvel do Grupo Auna, para a France Telecom. Nesta semana, a France Telecom acertou a compra do controle da unidade Amena por 6,4 bilhões de euros.
Os investidores vêm apoiando as afirmações de Emilio Botín de que poderá recuperar o Abbey e atingir sua meta de lucro. As ações do Santander, que registraram uma desvalorização de 25% no segundo trimestre, acumulam uma valorização de 27% desde que o Santander anunciou a compra do Abbey, no final do ano passado.
O volume de fundos administrados pelo grupo Santander alcançou 881,3 bilhões de euros no final do primeiro semestre do ano, um incremento de 81,2% em um ano, variação que seria de 20,5% sem o Abbey.
O volume de créditos do grupo Santander totalizou 398,8 bilhões de euros ao fim do primeiro semestre, uma expansão de 103,7%. Na Europa Continental o crescimento do crédito foi de 17%, com aumento em todos os países e unidades (rede Santander na Espanha, 16%; Banesto, 24%; Portugal, 8%; e Santander Consumer, 36%). Na América Latina, o crescimento em foi de 20%, com fortes altas no Brasil (30%), no México (25%) e no Chile (14%).
fonte: Valor Econômico