Santander Brasil notificado a reintegrar gerente seqüestrada
Após mediação realizada dia 23, na capital gaúcha, entre representantes do Grupo Santander Banespa com o Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região, Federação dos Bancários do RS e Sindicato dos Bancários de São Leopoldo, a Delegacia Regional do Trabalho (DRT/RS) notificou o banco a apresentar na próxima quinta-feira, dia 30, às 14h, “o comprovante da anulação da despedida” da gerente seqüestrada e feita refém junto com o marido e o filho menor, durante tentativa de assalto nos dias 30 e 31 de agosto, na agência Unisinos, do Santander Brasil, em São Leopoldo. A bancária foi demitida no dia 17 de novembro, há menos de três meses da ação criminosa e encontra-se em auxílio doença previdenciário.
Além da reintegração, o relatório da DRT/RS entregue às partes no término da mediação notifica o banco a apresentar também no dia 30 a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), que até hoje não foi emitida pela empresa, apesar do pedido feito pelo Sindicato de São Leopoldo no dia 1º de setembro.
Os mediadores Ana Maria Machado da Costa e Carlos Antônio de Oliveira Aleixo comunicaram ainda o banco que para a próxima mesa redonda o preposto tenha “poderes de representação e decisão perante o Ministério do Trabalho”.
A DRT/RS notificou ainda o banco de que no dia 30 também “deverá se apresentar o médico coordenador do PCMSO”. Isto porque o Dr. José Ângelo Bezerra da Silva não compareceu ontem, sendo alegado pelo preposto Marcos Aurélio Schmitz que o mesmo tinha viajado para São Paulo. “A médica do trabalho, que veio em seu lugar, não tinha informações sobre o fato de não ter sido emitida a CAT para a gerente seqüestrada”, conta a diretora do Sindicato, Natalina Rosane Gue.
Mas não foi somente a não-emissão da CAT pelo banco que indignou os bancários e a DRT/RS. O banco tentou homologar sem êxito a demissão, apresentando o exame periódico feito antes do seqüestro. “Esse exame está obsoleto pela ocorrência de fatos novos e graves após a sua emissão, não podendo ser usado pelo banco, que deveria ter apresentado um exame demissional, o que não fez”, denuncia o diretor do Sindicato e da Federação, Ademir Wiederkehr.
O relatório da DRT/RS atesta a “evidência que o seqüestro sofrido pela empregada está relacionado ao fato da mesma ser portadora da chave e do alarme da agência” e “o caráter desumano da despedida da empregada no momento em que mais necessita o amparo do banco”. “A não apresentação dos documentos importará em autuação na forma legal e encaminhamento de relatório circunstanciado ao Ministério Público do Trabalho e Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul”, conclui o relatório.
“Esperamos que o banco reintegre essa bancária e emita a CAT, passando a borracha em cima de um episódio que não pode se repetir no ano novo. Quem sofreu assalto ou seqüestro precisa de atendimento à saúde, ao invés de ser mandado embora sem qualquer registro de acidente de trabalho”, afirma Ademir Wiederkehr, que também é diretor da Afubesp.
“O banco também deve contratar empresas especializadas para a abertura e fechamento das agências, evitando que gerentes e tesoureiros continuem sendo alvos de quadrilhas cada vez mais ousadas e aparelhadas. A vida dos bancários deve ser colocada acima do lucro”, reivindica o dirigente sindical, que representa o RS na Comissão Nacional de Segurança Bancária.
fonte: Seeb PoA