Santander Banespa vai implantar ponto eletrônico
Até o final de 2005, as unidades do Santander e do Banespa em todo o país terão ponto eletrônico para o registro do horário de trabalho dos funcionários. A garantia foi dada na segunda-feira, dia 18, pelo superintendente de Relações Sindicais, Gilberto Trazzi Canteras, durante as três horas de reunião com dirigentes sindicais gaúchos, na sede do Sindicato dos Bancos no Estado do Rio Grande do Sul, no centro de Porto Alegre. A reivindicação era uma das propostas encaminhadas pelos sindicalistas no último 12, após encontro na Federação dos Bancários do RS.
A reunião foi coordenada pelos representantes do RS na Comissão de Organização dos Empregados (COE), Francisco Dutzig e Bino Köhler. Estiveram também presentes diretores da Federação dos Bancários do RS, Sindicatos dos Bancários de Porto Alegre e Região, Litoral Norte, Novo Hamburgo, Vale do Paranhana, São Leopoldo e Afubesp.
Ainda compareceram o diretor da Federação dos Bancários do RJ/ES, Paulo Garcez, os diretores do Sindicato de Criciúma, Edegar Generoso e Edson Benincá, e o aposentado do Meridional, Sebastião Naves de Souza.
Emprego
Acompanhado dos assessores Alberto Camacho e Marcos Schmitz, o executivo do grupo espanhol respondeu as principais demandas recebidas. Um dos temas mais debatidos foi o emprego. Os representantes dos bancários defenderam a contratação de mais funcionários, começando pela efetivação dos estagiários e terceirizados que desempenham funções típicas de bancários.
Gilberto afirmou que nos próximos meses o banco pretende remanejar pessoal e efetuar contratações para suprir vagas abertas com a antecipação de aposentadorias no Banespa. Ele destacou também que o Santander lançou o programa Promove, buscando utilizar o pessoal do banco para o preenchimento de vagas. O superintendente enfatizou ainda que a instituição conta hoje com cerca de 3.500 estagiários, sendo que no ano passado 1.200 estudantes foram admitidos pelo banco.
Os dirigentes sindicais denunciaram a carência de pessoal em muitas unidades do banco, como a falta de caixas. “O número de caixas no Santander é bem menor do que em concorrentes como o Bradesco e o Unibanco”, afirmou o representante do RS na Executiva Nacional dos Bancários, Juberlei Bacelo.
Os sindicalistas apontaram novamente o desvio de função dos estagiários, sendo que há casos de utilização como caixas, como ocorre em agências como Andradas e Alberto Bins, em Porto Alegre. “Estagiário no caixa é uma aberração”, declarou Gilberto, prometendo verificar os casos apontados e conversar com os superintendentes regionais. “Vários ex-estagiários ajuizaram ações trabalhistas, obtendo sentenças que reconhecem o vínculo empregatício”, destacou Francisco.
Para resolver o problema de falta de funcionários nas agências, o diretor do Sindicato, Mauro Salles Machado, defendeu “o redimensionamento do quadro de pessoal, visando definir a lotação das unidades de acordo com a massa de serviços e as metas para a venda de produtos”.
“O banco está praticando o fechamento e a fusão de várias agências, além da extinção de vários setores de departamentos remanescentes em Porto Alegre, sem realocar todos os funcionários atingidos, demitindo funcionários que dedicaram anos e anos de trabalho, como têm ocorrido com empregados do Meridional no prédio do Santander Cultural”, apontou o diretor do Sindicato de Porto Alegre e da Afubesp, Ademir Wiederkehr. Gilberto prometeu verificar os casos de demissões, concordou em remanejar funcionários e afirmou que não há previsão de fechamento ou fusão de agências.
Condições de trabalho
Os dirigentes sindicais reclamaram das metas impostas pelo banco, que têm causado assédio moral, estresse, esgotamento mental e doenças do trabalho, tirando qualidade de vida dos funcionários. “Os bancários vêm sendo obrigados a trabalhar além da jornada de trabalho, sem receber horas extras”, ressaltou Bino.
Gilberto anunciou a implantação do ponto eletrônico em todas as unidades até o final do ano. Ele negou a existência de cotas de horas extras e aceitou a proposta dos sindicalistas de colocar na rede uma mensagem aos funcionários com a orientação do banco de pagar todas as horas extras trabalhadas.
Não-pagamento do PPR
O superintendente informou que o critério usado para o não-pagamento do Programa de Participação nos Resultados (PPR) foi a classificação do Santander em 14º lugar e do Banespa em 15º lugar em novembro de 2004 no P.I.F. – Painel das Instituições Financeiras, apurado pela Fractal/USP.
Pelo acordo coletivo específico do PPR, vigente até 2006, o banco deve pagar uma antecipação de R$ 300 (o que ocorreu em 2004 e vai acontecer novamente na data do crédito da PLR em 2005) e uma diferença em caso de ficar entre os cinco primeiros colocados no ranking do “Programa de Melhoria do Índice de Satisfação dos Clientes”.
Os dirigentes sindicais reiteraram o pedido de entrega aos sindicatos do relatório de 2004, conforme estabelece o acordo coletivo, para fins de transparência. Eles estranharam a fraca classificação do banco diante da declaração feita pela superintendente do A+, Valéria Camarero, na última edição do jornal interno Conexão, onde afirma que “em dezembro, o Painel da Indústria Financeira (PIF) mostrava que o Banespa havia conquistado a maior evolução em satisfação de clientes do mercado financeiro”.
Interditos proibitórios
Na reunião, os sindicalistas cobraram a retirada imediata das ações de inteditos proibitórios ajuizadas pelo banco contra os sindicatos, especialmente durante a última campanha salarial, para cercear o exercício do direito constitucional de greve. Juberlei lembrou que “a Fenaban, após o fechamento da convenção coletiva, tinha orientado os bancos a desistir dos processos”. Gilberto prometeu verificar o assunto e dará uma resposta nos próximos dias.
Aposentados
Os dirigentes sindicais reclamaram da postura de algumas agências que têm bloqueado o cheque especial de vários aposentados do Meridional com ação judicial em andamento contra o banco. “Aposentado também é cliente do banco, não pode ser tratado com desrespeito e exige dignidade”, reforçou o jubilado Sebastião Naves de Souza. O superintendente alegou desconhecimento da denúncia e garantiu que vai verificar a ocorrência do problema.
Isenção de tarifas, redução dos juros e endividamento
Os representantes dos bancários cobraram também a isenção de tarifas e a redução das altas taxas de juros para funcionários e aposentados do banco. Gilberto respondeu que desde janeiro os funcionários do Banespa passaram a usufruir o mesmo pacote de tarifas do Santander. Ele defendeu as taxas de juros hoje praticadas pelo banco, “como forma de evitar um endividamento maior”, informando que o banco está levantando a situação financeira dos funcionários.
fonte: Seeb PoA