Santander Banespa envia mais R$ 1,152 bilhão para a Espanha
Segundo a análise do balanço de 2006, efetuada pelo Dieese, o Santander Banespa enviou R$ 1,152 bilhão para a Espanha, entre distribuição de dividendos e juros sobre o capital. Em 2005, o banco já havia mandado R$ 3,118 bilhão para os espanhóis. Assim, houve remessa de R$ 4,270 bilhões somente nos últimos dois anos.
Os números foram apresentados pelo Dieese, durante a reunião da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander Banespa, ocorrida na última terça-feira, dia 20, em São Paulo. Estatutariamente, está assegurado aos acionistas de cada uma das empresas dividendos mínimos de 25% do lucro líquido de cada exercício, ajustado de acordo com a legislação.
“Trata-se de um dos efeitos perversos da política de privatizações no governo FHC e da abertura sem limites do sistema financeiro ao capital internacional”, aponta o diretor do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários), Ademir Wiederkehr. “Se o Banespa e o Meridional não tivessem sido entregues ao Santander e permanecessem como bancos públicos, esses recursos não sairiam do Brasil e levariam crédito para financiar o desenvolvimento econômico e social do país”, destaca.
Conheça alguns números do balanço de 2006
A avaliação do Dieese também ajuda a entender os resultados do balanço e o porquê da redução no último pagamento de Participação nos Lucros e Resultados (PLR).
Em 2006, o Santander Banespa lucrou R$ 1,260 bilhão, uma redução de 27,8% em relação ao exercício de 2005, que foi de R$ 1,744 bilhão. Entretanto, descontado o resultado de R$ 635 milhões, obtido com a venda das ações da AES-Tietê, o lucro de 2005 ficaria em R$ 1,109 bilhão. Assim, o lucro de 2006 significa um crescimento de 13,6% em comparação ao ano anterior.
O Dieese verificou maior provisionamento para devedores duvidosos em 2006, observando um crescimento de 86,2%, o que diminuiu o lucro no exercício. Em 2005 havia sido provisionados R$ 817,5 milhões. Em 2006, o valor subiu para R$ 1,521 bilhão. Para o Dieese, esse procedimento foi adotado pelo banco, diante do crescimento de 32% nas operações de crédito para pessoa física, 28,5% para pessoa jurídica, 75% no crédito consignado e 50% no financiamento para veículos.
O balanço mostra que houve uma queda de 1,9% na evolução das despesas de pessoal. Em 2006, o banco pagou R$ 1,926 bilhão, ficando abaixo dos R$ 1,963 bilhão investidos no ano anterior. “Essa diminuição não surpreende, pois o banco reduziu funcionários nas agências, muitos gerentes ganham salários abaixo do mercado e as horas extras foram praticamente cortadas enquanto vários serviços estão atrasados”, enfatiza o diretor de divulgação da Afubesp, José Reinaldo Martins.
Enquanto caíram as despesas de pessoal, as receitas de prestação de serviços aumentaram para R$ 2,836 bilhões, um crescimento de 23% em relação aos R$ 2,305 bilhões apurados em 2005. As tarifas de operações de crédito subiram 58,9%, as de cartões de crédito 35,3%, as de serviços de conta corrente 10,7% e as de serviços de administração de fundos 21,7%.
Seminário Nacional de Dirigentes Sindicais
Após a apresentação dos números do balanço, os integrantes da COE do Santander Banespa apontaram a necessidade de organização de um Seminário Nacional de Dirigentes Sindicais, a ser realizado no final de abril.
“O objetivo é aprofundar o debate acerca da atuação do banco e da situação dos funcionários e definir as próximas lutas em defesa da ampliação dos empregos, pela melhoria da remuneração dos trabalhadores e pela unificação dos direitos e conquistas”, adianta o secretário-geral da Afubesp, Marcos Benedito.
fonte: Sindbancários