Procurador vai questionar contratações nos bancos
A política de contratação de funcionários de cinco grandes bancos privados que atuam no Distrito Federal será questionada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). A instituição vai entrar com cinco ações civis públicas na Justiça do Trabalho para garantir condições de igualdade entre homens, mulheres e negros no acesso aos postos de serviço, condições salariais e ascensão profissional na rede bancária no DF.
Há três meses o procurador-geral do Trabalho em exercício, Otavio Brito Lopes, vem tentando negociar com os bancos após ter concluído que há discriminação. Os mesmos bancos estão sendo investigados em outros estados — Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Pará, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Norte — e o MPT espera concluir os relatórios até o fim deste ano.
“Vamos entrar com as ações porque percebi que as negociações não vão avançar. Os bancos se eximem de qualquer responsabilidade. Queremos desconstruir o quadro de discriminação que existe no Distrito Federal”, afirma Lopes. A intenção das ações é obrigar os bancos a fazerem o que o MPT propôs em acordo.
Aos poucos as instituições iriam substituindo os funcionários que se aposentassem ou se demitissem por pessoas negras, por exemplo. De acordo com Lopes, a rotatividade no setor é alta — em média 30% dos funcionários são substituídos todos os anos. Outra idéia é aumentar a contratação de mulheres em cargos de chefia.
As investigações feitas pelo MPT com a ajuda do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que a discriminação no caso dos negros ocorre no momento da admissão. Já as mulheres, mesmo sendo maioria nos bancos — 51,7% do total —, encontram mais dificuldades de subir de cargo. Lopes quer que o quadro de pessoal dos bancos siga percentuais parecidos aos da População Economicamente Ativa (PEA) do DF.
Apesar de 46% dos trabalhadores que compõem a PEA serem negros, eles representam apenas 18,7% dos funcionários brasilienses dos bancos. “Queremos que os quadros de pessoal dos bancos reflitam a PEA levando em conta as exigências de escolaridade. Mas pelo tempo de estudo, vemos que a discriminação não é um problema educacional”, afirma.
Pelo levantamento, o tempo de estudo dos atuais bancários é bem parecido, independentemente do sexo ou da cor da pele. Os brancos têm, em média, 12,8 anos de estudo, contra 11,03 anos dos negros. Quando se separa por sexo, a diferença é ainda menor — os homens estudaram, em média, por 12,38 anos e as mulheres por 12,45 anos.
Apesar de terem passado mais tempo nas escolas, as mulheres recebem, em média, apenas 60% dos salários pagos a eles. Já os negros recebem cerca de 63% dos salários dos bancários e bancárias de cor branca. O MPT pretende fazer levantamento similares em outros segmentos do setor privado.
fonte: Correio Braziliense