Pressões resultam em avanços na luta contra discriminação nos bancos
Depois de intensas pressões da sociedade civil organizada e de processos judiciais no Ministério Público do Trabalho, finalmente os bancos irão colocar em prática o Mapa da Diversidade do setor. A realização foi aprovada durante a reunião da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, realizada na terça-feira, dia 5, em Brasília.
A idéia é de que o Mapa seja feito banco a banco, para posterior consolidação em um único documento de dados relativos a gênero, raça, etnia e geracional. Três itens serão essenciais para o mapeamento: data da admissão, ascensão e remuneração dos funcionários. O levantamento terá contribuição técnica do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), com monitoração da Comissão de Direitos Humanos.
Após a realização do Mapa, os bancos deverão assinar um Pacto pela Diversidade, cujo objetivo será a desconstrução das desigualdades nos locais de trabalho. A partir dessa etapa, o MPT fará acompanhamento sistemático da evolução dos programas de diversidade, banco a banco, para verificar o cumprimento do compromisso. “Hoje, os bancos alegam a existência de ações para minimizar discriminações. Só que essas práticas têm sido tão irrisórias, os que as torna incapazes de gerar resultados concretos”, informa a diretora da Fetec/CUT-SP, Maria Aparecida Antero.
Na reunião, a Febraban anunciou um investimento de R$ 1 bilhão em 2005 em ações sociais, além de incentivos aos bancos para o desenvolvimento de projetos sobre educação desde a base e para acesso aos negros que já estão preparados para o mercado. Dentre as iniciativas adotadas isoladamente por alguns bancos estão convênios para contratação de estagiários. Como por exemplo, contratação de 52 estagiários no Itaú, 20 no HSBC, 50 no ABN Amro, 30 no Bradesco e 20 no Santander Banespa. “Os números são ínfimos. Para se ter idéia, no Bradesco são 60 mil funcionários para apenas 30 contratações de negros e afro-descendentes. Por outro lado, essas contratações menosprezam trabalhadores qualificados que já estão no mercado de trabalho”, adverte Cidinha.
Para a dirigente da Fetec-SP, a construção do Mapa da Diversidade pelos próprios bancos obrigará o setor a ter políticas mais efetivas de combate à discriminação. “Isso para nós é uma importante vitória de uma luta que vem desde a confecção do Rosto dos Bancários no ano 2000 até a aglutinação de importantes aliados, como o Ministério Público do Trabalho. No entanto, essa luta não se dá por encerrada. Temos de adequar a mesa temática da Fenaban a essa discussão, bem como nos prepararmos para acompanharmos a execução do Pacto”, sugere Cidinha.
Brasil Afirmativo – A Comissão Contra Discriminações da CUT está convocando para o próximo dia 11/09 coleta de assinatura pela imediata aprovação do Estatuto da Igualdade Racial e do PL 73/99, projetos que tramitam no Congresso Nacional e criam ações afirmativas dentre as quais, as cotas.
Os abaixo-assinados integram o Movimento Brasil Afirmativo, juntamente com a Parada Negra em São Paulo, que está sendo convocada para 20 de novembro – Dia Nacional da Consciência Negra, a partir das 12h, na Av. Paulista.
fonte: Fetec/CUT-SP