Pochmann alerta para concentração de ricos no Brasil
Cinco mil famílias – menos de 0,01% das famílias brasileiras – concentram 45% das riquezas do país. Essa é uma das revelações do livro Os Ricos no Brasil, discutido ontem pela Frente Parlamentar e Social de Acompanhamento da Dívida Pública da Câmara, coordenada pela deputada Doutora Clair (PT-PR). O debate contou com a presença do autor do livro, o secretário de Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da Prefeitura de São Paulo e professor da Unicamp, Márcio Pochmann. O professor rastreou a trajetória de famílias ricas no Brasil desde o século XVIII. Naquela época, os 10% mais ricos no estado do Rio de Janeiro, por exemplo, concentravam 68% da riqueza nacional. No fim do século XX, a riqueza acumulada nas mãos dos 10% mais ricos no país alcançava a marca dos 75,4%.
Pochmann demonstra que a riqueza é preponderante em certas regiões. As cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília abrigam oito de cada 10 ricos brasileiros. Só São Paulo responde por quatro de cada grupo de 10 ricos. “O novo padrão de riqueza fortalece quem tem relação com o sistema financeiro”, constata.
O professor destaca ainda que o padrão de exclusão no Brasil se manteve imutável desde a era colonial. Ele defende a realização de reformas fundiária e tributária para a descentralização da riqueza no Brasil. E cita o exemplo da cidade de São Paulo, onde a prefeita Marta Suplicy (PT) instituiu o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano Progressivo) progressivo. “Um milhão de pobres foram isentos da taxa, enquanto houve um aumento considerável do IPTU dos mais ricos”, lembra.
Emprego – Márcio Pochmann considera fundamental a atuação do Estado brasileiro na recuperação do nível de emprego no país. “O setor privado não contrata mão de obra por fraternidade, mas quando a receita é superior à despesa”, disse. O professor sugere a aplicação das chamadas “políticas passivas”, responsáveis por retirar determinados grupos de pessoas do marcado de trabalho.
É o caso dos 5 milhões de crianças e adolescentes, proibidos de trabalhar por lei, e de 21 milhões de aposentados que continuam trabalhando para complementar a renda. Segundo Pochmann, 31 milhões de brasileiros trabalham mais de 44 horas semanais. O volume de trabalho extra desempenhado por eles seria suficiente para empregar 7 milhões de brasileiros. O pesquisador adverte que a retirada dessas pessoas do mercado depende de estímulos – como a valorização da capacitação de estudantes e o pagamento de aposentadoria satisfatória aos inativos.
fonte: Informes/PT