PLANO REAL COMPLETA 5 ANOS DE APROFUNDAMENTO DA MISÉRIA NO PAÍS
Texto divulgado hoje no Fetec On Line, boletim diário da Fetec-Cut/SP, disponível no site da CNB-CUT: www.cnbcut.com.br)
Os últimos cinco anos não foram nada alentadores para a classe trabalhadora. Neste período, o desemprego na Grande São Paulo saltou de 14,2% em 94 para 18,3% em 98, sendo que em maio deste ano o índice bateu a casa dos 20,3%. De cada cinco trabalhadores um está desempregado. O tempo médio de procura por trabalho quase dobrou na Região Metropolitana. Em 94, a média era de 25 semanas. No ano passado, subiu para 36 e no último mês de maio, atingiu a marca de 42 semanas. O desemprego de longa duração (mais do que um ano) atinge 27,9% dos que buscam uma nova ocupação. Ao passo que quem consegue se colocar encontra ocupações cada vez mais precárias.
Os números são resultados diretos do Plano Real, o qual está completando hoje cinco anos de existência. Mas não foi apenas o nível de emprego a ser afetado. A remuneração dos trabalhadores também foi prejudicada. No primeiro ano do plano, o rendimento médio real dos ocupados subiu de R$ 806 para R$ 908, mantendo-se estável até 97.
No ano passado, porém, iniciou uma trajetória inversa, chegando a R$ 877. Em abril deste ano, a média caiu para R$ 824 e a tendência nos próximos meses é continuar regredindo, o que mostra que até o final do ano possa voltar ao patamar do início do Plano Real.
Os números constam de um estudo elaborado pelo Dieese, referente a preços, desempenho econômico, emprego, renda e negociações coletivas no período. O levantamento aponta ainda os reflexos para a atividade sindical, face ao crescimento do desemprego e ao sistemático ataque aos direitos dos trabalhadores. Estes elementos têm alterado o caráter das negociações coletivas, onde a reposição de salários vem perdendo importância e a manutenção dos direitos adquiridos tem exigido enormes esforços.
Segundo o estudo do Dieese, em 95, 85% das negociações coletivas chegavam a acordos com reposição salarial integral ou superior à inflação acumulada, com base no INPC. No ano passado, o número caiu para 65%.
Apesar da perda de poder aquisitivo dos salários, a quantidade de greves também decaiu. Em 94, foram registradas 1.034, enquanto que no ano passado foram 550 greves.
Símbolo – A padaria-símbolo do Plano Real junto à população de baixa renda foi arrendada e os seus seis funcionários, demitidos. O relato foi feito ontem pelo proprietário, durante visita feita por nove deputados da oposição.
A Panificadora Perez, situada no Distrito Federal, foi visitada por FHC, em vários momentos de seu governo, para comemorar o Plano Real. Durante a visita, o deputado José Genoíno (PT-SP) atacou “não há o que comemorar. A âncora do real é o desemprego”.
Fonte:Afubesp