Passeata em Porto Alegre denuncia banqueiros e aponta construção da greve
Apesar da temperatura de 11ºC e do vento que aumentava a sensação de frio, cerca de 300 bancários saíram em passeata na quinta-feira, dia 15, pelas principais ruas do centro de Porto Alegre. Com faixas e cartazes, eles denunciaram a ganância dos banqueiros, exigiram uma proposta decente na negociação do dia 20 e apontaram para a construção da greve, caso não sejam atendidas as reivindicações da categoria.
A caminhada foi promovida pelo Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região e Federação dos Bancários do RS, com o apoio de vários sindicatos do interior gaúcho. Também prestigiaram o evento representantes de outras categoria, UNE e os deputados estaduais Adão Villaverde e Edson Portilho, do PT.
Após concentração na Praça da Alfândega, entre os prédios do Banrisul e Caixa Econômica Federal, os bancários tomaram as ruas Caldas Júnior, Siqueira Campos, General Câmara, Sete de Setembro e Andradas. “Chega de dançar conforme a música dos bancos”, dizia a faixa de abertura da caminhada.
Animados pelo artista popular Zé da Terreira e o gaiteiro Jonas Motta, a passeata empolgou os bancários e chamou a atenção da sociedade. Indignados com a falta de proposta da Fenaban nas três rodadas de negociações, os participantes protestaram, cantando o samba puxado por Zé da Terreira que tem como refrão: “todo banqueiro é ladrão das esperanças do bancário e do povão; todo banqueiro é ladrão, só que não vai pra prisão”.
O gaiteiro tocou várias canções de artistas do Estado, valorizando a cultura gaúcha, em plena Semana Farroupilha, que recorda os 170 anos da Guerra dos Farrapos, a revolução mais longa no tempo do império.
A passeata terminou na Esquina Democrática, onde as entidades promoveram uma forte manifestação. O presidente do Sindicato, Juberlei Bacelo, denunciou os altos lucros dos banqueiros, a cobrança de juros e tarifas abusivas, as demissões de bancários, as filas nas agências, a sobrecarga de trabalho, o assédio moral e a falta de responsabilidade social dos bancos.
Ele reforçou as reivindicações da Campanha Nacional dos Bancários, chamou os bancários a participar do encontro nacional marcado para o dia 1º de outubro em São Paulo e apontou a necessidade de construção da greve para derrotar a intransigência dos banqueiros. Juberlei também pediu o atendimento das demandas específicas dos bancos federais, que estão em processo de negociação, e cobrou o início das negociações com o Banrisul. O dirigente sindical ainda propôs mudanças na política econômica, no sistema político e na participação popular.
O diretor do Sindicato e da Federação dos Bancários, Ademir Wiederkehr, considerou vitoriosa a passeata, pois levou para as ruas a insatisfação da categoria diante da postura desrespeitosa dos banqueiros na mesa de negociações. Ele afirmou que daqui para frente, a exemplo dos heróis farroupilhas, os bancários irão intensificar os protestos, desmascarando a exploração dos bancos aos clientes e à população e organizando, desde já, uma nova greve nacional para fazer com que sejam atendidas as reivindicações da categoria. “Chega de dançar conforme a música dos bancos”, concluiu Ademir, que também é diretor da Afubesp.
O secretário-geral do Sindicato, Fábio Soares Alves, o Fabinho, avaliou a passeata como importante demonstração de força dos bancários. “Apesar do frio intenso, a categoria mostrou disposição de luta para arrancar aumento real e conquistar as demais reivindicações”, destacou. “Esperamos que a categoria atenda as próximas convocações do Sindicato, porque a passeata foi somente o início do processo de intensas mobilizações desta campanha”.
Próxima negociação dia 20 – A Fenaban marcou nesta quinta-feira a data da próxima negociação com o Comando Nacional dos Bancários. A quarta rodada ocorrerá na terça-feira, dia 20, às 15h, em São Paulo, conforme indicação apresentada pelos representantes da categoria na negociação de ontem, dia 14.
Assembléia geral no dia 21 – Conforme o calendário definido pelo Comando Nacional, os sindicatos irão realizar assembléias gerais da categoria na próxima quarta-feira, dia 21, em todo o país.
A assembléia de Porto Alegre será realizada às 19h, no Clube do Comércio, no centro da capital gaúcha. Na próxima segunda-feira, dia 19, começa a ser distribuído o jornal O Bancário, destacando o crescimento da mobilização, a importância da participação de cada colega de banco público e privado e a necessidade de construção da greve.
Só com luta será possível arrancar o reajuste de 11,77%, maior PLR, elevação dos pisos salariais, garantia de emprego, aumento da 13ª cesta-alimentação e melhores condições de saúde, segurança e trabalho.
fonte: Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região