PARALISAÇÃO NOTA 10!
A advertência saiu melhor do que o anunciado. Banespianos da capital e do interior paulista e de outros estados desvendaram ao Conselho Diretor um dos truques de sua mágica para impedir a privatização do banco e defender seus direitos. O segredo da solidariedade, união e dignidade.
Isso explica o sucesso do protesto de hoje. Várias agências paralisaram por decisão dos próprios funcionários, sem comissão de esclarecimento, um processo que remonta à memorável greve de 1988, citada por vários oradores no palco montado em frente ao prédio da Central.
Em todos os locais imperou um clima de tranqüilidade e bom astral. Uma idéia desse clima pode ser percebida pelo trocadilho de convocação da assembléia de Florianópolis (SC) e lema da paralisação dos funcionários, segundo informou a diretora regional da Afubesp, Márcia Maldonado: “Ou a gente Raoni ou Sting” .
Do Ceará, o diretor Herbert Moniz informa que um cliente aumentou o entusiasmo da atividade com um inflamado discurso em defesa do Banespa (veja citação abaixo)
Como sempre, tem aqueles que gostam de destoar, caso do gerente da agência Jundiaí-Centro que, além de pressionar (sem sucesso) os funcionários para entrar antes do horário previsto para o encerramento da paralisação, tentou arrancar a câmera do fotógrafo do sindicato local. Foi uma exceção.
Houve espaço também para atitudes inusitadas, como a do diretor de Recursos Humanos, Dimas Costa, que adentrou a agência num carro-forte.
Mas, segundo o presidente da Afubesp, Eduardo Rondino, o que prevaleceu foi mesmo o resgate do espírito guerreiro dos banespianos. “Foi um verdadeiro renascimento. Se alguém duvidava da garra dos banespianos teve hoje uma prova de que não vão nos empurrar uma proposta indecorosa sem encontrar uma resistência fortíssima. Dignidade aqui não falta e, se for preciso, vamos à greve pelos nossos direitos”, adverte.
Sem numerário. Na região de Presidente Prudente, houve problemas de envio do numerário para Teodoro Sampaio e Rosana Porto Primavera, devido ao bloqueio da rodovia promovido pelo MST que participava do Dia Nacional de Paralisação e Protesto em Defesa do Emprego e do Brasil.
Narcotráfico. Em seu pronunciamento, na atividade em frente ao prédio da Central, João Vaccari, vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores e presidente do Seeb-SP, apresentou denúncia publicada na edição de hoje do jornal Diário Popular segundo a qual dinheiro do narcotráfico estaria sendo usado nas privatizações. A denúncia foi feita por deputados da CPI do Narcotráfico, que teriam documentos mostrando movimento de conta do narcotráfico no Chase Manhattan Bank, em Nova Iorque. “Eles (os narcotraficante) abrem empresa fora do País, entram em consórcios e adquirem empresas públicas ”, teria afirmado ao jornal o deputado Robson Tuma (PFL-SP), integrante da CPI.
Onde parou
Num levantamento parcial, as seguintes unidades participaram do protesto:
Capital, Grande S. Paulo e Interior: Adger e agências Centro e Patriarca, Nasbe, Microfilmagem, Liberdade, Pirituba, Casa Verde, Santana, Freguesia do Ó, Vila Guilherme, Horto, Vila Maria, Paulista, Consolação, Avenidas, Paes de Barros, Pamplona, Jardim América, Nova Paulista, Hospital das Clínicas, Lapa, Penha, Franco da Rocha, Santo Amaro, Moema, Borba Gato, Morumbi, Osasco, Carapicuíba, Pinheiros, Sabará, Tatuapé, Belém, Campos Elíseos, Tucuruvi, Ceagesp, Rafael de Barros, Teodoro Sampaio, Guarulhos (Centro e Serve-serve), São Bernardo, Mauá, Ribeirão Pires, São Caetano do Sul, Santo André, Diadema, Banespa Leasing, Baneseg, Banespa Serviços, Araçatuba, Catanduva, Fernandópolis, S. José do Rio Preto, Olímpia, Regente Feijó, Martinópolis, Piraporinha, Mirante do Paranapanema, Jundiaí-Centro, Presidente Prudente, São José dos Campos, Ribeirão Preto, Coronel Marcondes, Álvares Machado, Barretos, Campinas (Centro, Cambuí, Barão de Itapura), Americana, Indaiatuba, Bauru (Centro, Serve-serve, Altos da Cidade, Duque), Santos, Peruíbe, Sorocaba.
Outros Estados: Curitiba, Maringá e Londrina (PR); Belo Horizonte e Juiz de Fora (MG); Aldeota (Fortaleza-CE); Porto Alegre e Passo da Areia (RS); Florianópolis (SC); Ag. Centro Rio de Janeiro, Petrópolis, Caxias e Volta Redonda (RJ); Maceió (AL).
O que eles falaram:
Sob a coordenação de João de Oliveira, diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, vários representantes dos funcionários deram seu recado aos colegas na manifestação em frente ao prédio da Central. Veja algumas citações:
Exclusão. “Querem (os governos FHC/Covas) colocar a família banespiana na exclusão e no desemprego, mas nós não vamos permitir que isso aconteça… Amanhã tem negociação. Se a diretoria do banco não vier com uma proposta que contemple o patamar mínimo (reajuste da Fenaban e manutenção dos direitos) no dia 24 vamos à greve e vamos derrotá-los e derrotar essa política do governo FHC.” Cido Sério, vice-presidente da Afubesp.
Ensaio bom. “Estamos vendo uma demonstração de força e união, para mostrar à diretoria do Banespa que não aceitamos congelamento de salário e não cumprimento dos índices da Fenaban…. Esse é um ensaio da resistência e luta do banespiano contra a privatização do banco…” Paulo Salvador, conselheiro fiscal da Cabesp, eleito pelos funcionários.
Unificar. “É preciso (os banespianos) construir, junto com o BB e a CEF um processo de pressão contra o governo. Unificar as atividades e a paralisação para conseguir um patamar decente de acordo salarial “ José Pinheiro de Miranda, presidente da Fetec-CUT/SP
Olhe o exemplo. “Não podemos ficar alheios e aceitar o que o Banco do Brasil vem fazendo há anos com seus funcionários”. Ernesto, da Feeb SP/MS.
Cadê a PLR? “Quando o diretor de RH diz que só pode acertar a PLR depois do balanço, está falando uma inverdade. A parte referente ao primeiro semestre já deveria ser paga agora, pois já se sabe o resultado do banco nesse período…” Antônio Carlos Conquista, diretor da Afubesp
Passado garante futuro. “ Com a união de todos nós, banespianos, eles não vão conseguir nos derrotar. Fomos nós que seguramos e somos nós que vamos continuar segurando o Banespa.” “ O banco reconhece o serviço passado do Banesprev e não quer pagar. O serviço passado é um recurso que vai garantir nossa aposentadoria nosso futuro e temos de incorporar essa bandeira em nossa luta …” Wagner Pinheiro, diretor financeiro do Banesprev, eleito pelos participantes do fundo.
Questão de honra. “ Estou cansado de ver presidente do banco dizendo em palestras que os funcionários são o melhor patrimônio do banco. Quero ver demonstrar isso na prática…” Eduardo Rondino, presidente da Afubesp
Pegadinha. “ Querem (a diretoria do banco e o governo federal) que, com o índice zero, admitamos que esse banco está federalizado e será privatizado…” Oliver Simioni, Diretor Representante dos Funcionários.
Pimenta nos nossos olhos.
“Querem (o governo) acabar com o FGTS e o seguro-desemprego. Querem transferir R$ 16 bilhões dos trabalhadores para o Tesouro… combater a pobreza entregando o dinheiro das privatizações ao grande capital nacional e internacional.” João Vaccari, vice-presidente da CUT e presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
De Fortaleza.
“Esse banco continua em pé devido aos seus funcionários e à sua clientela…”. Walter Gomes, cliente da agência Aldeota (CE)
fonte: AFUBESP