O papel dos sindicatos na luta contra o assédio moral
Com a participação de cerca de 50 dirigentes sindicais, a oficina “Assédio Moral na Categoria Bancária”, realizada na última sexta-feira (4), em São Paulo, pela Fetec/CUT-SP, em parceria com a Feeb SP/MS, chamou a atenção para o papel dos sindicatos no enfrentamento contra a prática do assédio moral, cuja incidência cresce a cada dia.
Dentre os painelistas estiveram presentes a psicóloga Ivvone Andrea Fernandes Jimenez, que também é professora da Universidade do Chile e consultora sobre Violência de Gênero, a secretária de Políticas Sociais da CNB/CUT e coordenadora da mesa temática de negociação com a Fenaban sobre Igualdade de Oportunidades, Neide Aparecida Fonseca, e Plínio Pavão, secretário de Saúde da CNB/CUT e coordenador da mesa temática sobre Saúde.
As exposições abordaram os inúmeros aspectos do assédio moral, como os aspectos facilitadores, a incidência, os grupos de risco, as conseqüências e os caminhos contra a prática.
Dos painéis ficou a certeza de que o assédio moral é um sistema abusivo e permanente, que surge como fruto do modelo econômico vigente e do sistema de organização das empresas.
A exposição de Neide Fonseca abordou a prática com recorte de gênero e raça, mostrando como esses grupos, além dos homossexuais e portadores de necessidades especiais, estão vulneráveis ao abuso. Para a dirigente, o debate sobre as desigualdades de tratamento deve levar em conta a estruturação do sistema produtivo.
A dirigente também ressaltou a questão da legislação, fator previsto no Projeto da CNB/CUT, em parceria com o Fundo de Gênero do Canadá (FIG). “Além de apurar a incidência da prática na categoria bancária, o projeto também visa esforços para coibir e criminalizar o assédio moral no país”, explicou Neide ao lembrar a tramitação de vários projetos no Congresso Nacional. “A categoria bancária deve se organizar para pressionar pela tramitação dessas matérias”, ressaltou a dirigente.
O secretário de Saúde da CNB/CUT realizou a abordagem com enfoque na questão de saúde, lembrando as dificuldades e os avanços em relação à caracterização e ao atendimento ao trabalhador acometido de acidentes de trabalho.
A professora Jimenez, por sua vez, frisou o caráter social do assédio moral, destacando o papel dos sindicatos na luta contra a prática. “Os sindicatos devem atuar pela reparação do dano, por meio de indenizações, e sobretudo, pela restauração da dignidade, por meio de ajuda psicológica e de relacionamento humano”.
Na avaliação da diretora de Formação da FETEC/CUT-SP, Maria Aparecida Antero, uma das organizadoras do evento, a oficina foi bastante rica. “Durante a atividade fizemos o aprofundamento do que é assédio, como ele afeta os trabalhadores e como podemos ajudar as pessoas que sofrem com a prática e combatê-la. Para mim, uma das falas que mais marcou foi a da professora Ivvone. Ela disse que os sindicatos devem atuar de forma a transformar a raiva dos trabalhadores que passam por assédio em indignação. Pois, a raiva traz embutida uma questão emocional muito forte, enquanto a indignação é a expressão política da raiva, capaz de trazer mudanças”.
A oficina integra a segunda etapa do Projeto da CNB/CUT, em parceria com o FIG. A etapa seguinte será a aplicação de questionário nas bases sindicais com o objetivo de fazer um diagnóstico sobre como ocorre o fenômeno na categoria bancária. Na seqüência, será elaborado material de divulgação, como cartilhas e folders, com enfoque na prevenção ao assédio moral.
fonte: Fetec/CUT-SP