o: Dirceu pede a bancos que reduzam juros
O ministro da Casa Civil, José Dirceu, enquanto discursava ontem no Fórum das Américas em São Paulo, cobrou dos bancos a redução dos juros na mesma proporção em que o governo vem fazendo com a Selic (a taxa básica). Segundo Dirceu, o governo deu aos bancos nos últimos anos “tudo o que eles pediram”, mas o sistema financeiro, em contrapartida, não estaria financiando a produção e o consumo.
“Nós (o governo) vamos trazer a taxa de juros reais para um nível compatível com o crescimento do país.Aí surgirá uma grande pergunta: irão os bancos reduzir as taxas de juros para a capital de giro para investimento na mesma proporção em que cairão os juros reais? É uma questão que o sistema bancário brasileiro terá de responder”, afirmou o ministro.
Ele insinuou que as instituições preferem se ater a ganhos de tesouraria – operação com dinheiro próprio dos bancos.
Para Dirceu, o país deu “sua cota grande de sacrifício” (em alusão a política fiscal) e, agora, seria a vez de o sistema bancário fazer o mesmo. “É de interesse que ele volte a ser o elo entre a produção e o consumo e não fique só na posição de tesouraria.”
E criticou as taxas cobradas no mercado. “Não há nenhuma hipótese de o país crescer com juros no cartão de crédito entre 7,5% e 10% ao mês e uma tarifa de capital de giro para empresas entre 40% e 60%.”
Para ele, é razoável que, caindo a Selic e o juro real se aproximando cada vez mais dos 8%, que o sistema financeiro faça um esforço para financiar o consumo e a produção. “Cada um tem que dar uma cota ao país.”
O ministro disse ainda que a redução dos juros bancários é uma questão política. “Da mesma forma que fizemos uma aliança e estamos cumprindo nossa parte, outros setores sociais precisam fazer a sua. Se não for assim, o país terá um problema político para resolver. E o Brasil tem um Congresso para resolver problemas políticos. Não vejo como um sistema bancário pode sobreviver em um país estagnado, que não cresce.”
Hoje começa a reunião de dois dias do Copom (Comitê de Política Monetária), que decidirá sobre os juros. A Selic está em 22% ao ano e a perspectiva é que caia dois pontos percentuais.
Sobre este tema, Dirceu garantiu que, após ter sido obrigado a uma política fiscalista, o governo irá baixar os juros reais (descontada a inflação).
fonte: Folha de S.Paulo