Mobilização ampliada em várias partes do país
A greve dos bancários vem se ampliando a cada dia apesar da pressão recebida pela categoria – o assédio moral e as ameaças são constantes, principalmente nos bancos privados. Confira como foi a mobilização na quarta-feira:
No Recife, cerca de 4 mil pessoas participaram de uma passeata, que teve a duração de três horas com apitaço pelo centro da capital de Pernambuco. Antes, outra manifestação, em frente ao Bradesco da Marquês de Olinda, reafirmou o direito de greve, torpedeado por interditos proibitórios.
Até agora, Bradesco, Unibanco e ABN/Bandepe obtiveram liminares neste sentido, todos concedidas por um mesmo juiz. Por este motivo, o sindicato local solicitou audiência ao presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco, para denunciar esta tentativa de cercear o movimento normal e pacífico.
Em Alagoas, os bancos privados em Maceió e o Banco do Brasil no interior foram os principais alvos da greve dos categoria no dia de ontem. Com essa estratégia, a categoria conseguiu ampliar ainda mais o número de agências bancárias paralisadas, que já passa de 90% na capital.
A rede particular, atingida terça-feira na região central da cidade, ficou impossibilitada de abrir unidades em outros bairros, no dia de ontem, devido ao crescimento da mobilização. Nem mesmo o Bradesco, com seu interdito proibitório e a pressão das gerências, conseguiu conter o avanço da greve, e foi forçado a engolir, inclusive, a paralisação da agência central.
Das 25 agências da rede privada em Maceió, 16 já estão paradas. No BB, a greve se manteve estável em Maceió, com quase 100% de adesão. No interior houve um crescimento significativo, com a entrada de vários outros municípios no movimento.
O sucesso da greve também se consolidou na Caixa Econômica Federal, onde 100% das unidades da capital e interior estão paradas. No Banco do Nordeste mais três agências do interior pararam ontem, restando agora duas, que devem fechar nesta quinta-feira.
O funcionalismo da CEF, BB e BNB estão aderido espontaneamente, o que torna a greve tranqüila nas respectivas unidades.
Em Minas Gerais, o sexto dia de greve foi marcado pela repressão policial e violência em várias agências de Belo Horizonte. Por conta disso, o sindicato da cidade enviou na terça-feira carta à diversos parlamentares, à CUT nacional e estadual e a outras entidades pedindo providências para conter a violência dos banqueiros.
Mas a repressão não foi capaz de arrefecer os ânimos dos bancários que continuam resistindo e fortalecendo o movimento em BH e Região e em várias cidades mineiras. Em Belo Horizonte, 100% das agências e das tesourarias da CEF ficaram paradas e 70% da compensação/dia e 95% dos departamentos na grande BH. No BB a greve atingiu 96% das agências e departamentos e, também, em bancos privados.
Após votarem pela continuidade da greve por tempo indeterminado, os bancários saíram em passeata da Praça Sete até a agência Central do Bradesco, na rua da Bahia. Hoje, as 14 horas haverá nova assembléia para avaliar o movimento.
Em Porto Velho, O Desembargador do Tribunal de Justiça de Rondônia revogou liminar que protegia o Bradesco por meio de Ação de Interdito Proibitório que vinha sendo usado pelos gerentes do banco para intimidar os trabalhadores. Eles chegaram a exibir e distribuir, principalmente na agência centro de Porto Velho, cópias do documento ameaçando os funcionários de demissão e desconto de dias.
“A decisão do Tribunal remete a relação grevista com o Bradesco à normalidade, pois em todas as agências bancárias do Estado, o acesso está garantido pelo Comando de Greve. Funcionam, em todos os bancos, os serviços essenciais e o auto-atendimento, afirma o presidente do sindicato no Estado.
Em Cuiabá, “a mobilização da categoria continua forte e coesa apesar do assédio dos banqueiros”, afirma o presidente do Sindicato dos Bancários de Mato Grosso, Eduardo Alencar. A paralisação de agências em Sorriso, São José dos Quatro Marcos, Mirassol D´Oeste, Araputanga, Sapezal, Nortelândia, Diamantino, Alto Paraguai, Arenápolis, Chapada dos Guimarães, Cáceres, Sinop, Tangará da Serra, Poconé, Rosário Oeste, Barra do Bugres, Nova Olímpia e Denise (todas no interior do Estado) fortaleceram ainda mais o movimento.
Em São Luís, a intransigência dos banqueiros não tirou o estímulo dos bancários. A greve continua forte no Maranhão e ganhou força com a adesão de 32 agências do Banco do Brasil, 100% das agências do BASA e, das 24 agências da CEF – apenas duas continuam funcionando normalmente. Três agências do BNB também compõem o quadro de paralisação nos bancos oficiais. Paralisaram ainda Banco Real, HSBC e BEM (Rua Grande).
Em Fortaleza, os bancários do Ceará percorreram as ruas do centro da cidade na tarde de ontem (22) pedindo o apoio da população para a luta da categoria. A atividade contou com a participação de cerca de 700 pessoas, dentre bancários e seus familiares, parlamentares, candidatos a prefeito e a vereador, militantes, dirigentes sindicais de outras categorias, dentre outros. O grande apoio demonstrou a amplitude da luta dos bancários, que cresce a cada dia.
“Essa é uma greve contra os banqueiros, que acumulam bilhões em detrimento da fome e da miséria do povo”, ressaltou Diassis Diniz, presidente da CUT Ceará. “Os bancários estão em greve não porque querem, mas porque os banqueiros são intransigentes e não atendem às suas principais reivindicações”, esclareceu.
No Rio Grande do Sul, os 38 sindicatos do Estado aderiram ao movimento. A paralisação atingiu 573 agências em 137 cidades. Em alguns municípios, a paralisação é total. Cerca de 80% dos bancários, de um total de 25 mil no RS, cruzaram os braços. Foi a resposta aos banqueiros que não mudaram sua oferta na reunião de terça-feira com a Executiva Nacional, em São Paulo, e novamente alegaram não ter receita para atender as nossas reivindicações. Por isso, a categoria está mostrando o seu poder de força.
Em Porto Alegre, os bancários decidiram em assembléia realizar uma nova passeata nesta sexta-feira, dia 24, com concentração a partir das 15h, na Praça da Alfândega, no centro da capital. A caminhada percorrerá as principais ruas, com uma manifestação em frente ao Tribunal de Justiça contra a concessão de interditos proibitórios aos banqueiros para evitar manifestações de bancários diante de agências, o que afronta o direito constitucional de greve do trabalhador.<
fonte: Érika Soares – Afubesp c/ informações dos sindicat