Milhares de pessoas participam da Marcha Mundial das Mulheres em São Paulo
Mulheres de diversos estados brasileiros, de todas as idades e etnias prestigiaram a Marcha Mundial realizada na tarde de terça-feira, 8 março, em São Paulo.
Defendendo as bandeiras da igualdade, liberdade, justiça, paz e solidariedade, as participantes caminharam do Masp (Museu de Arte de São Paulo), na Avenida Paulista, até a Praça da República, no centro da capital.
De acordo com a organização da passeata, 40 mil pessoas estiveram na atividade, no entanto, a estimativa da Polícia Militar é de 15 mil participantes.
Mais de 80 entidades integraram a manifestação, entre as quais a Afubesp que fez parte da ala laranja representando a luta pela igualdade. A entidade também homenageou as mulheres em toda a base do Sindicato dos Bancários de Assis, com entrega de rosas e cartão para as bancárias.
Carta Mundial
No mesmo dia foi lançada a Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade. Este documento, que reúne propostas e aspirações femininas para um mundo livre, percorrerá 50 países e chegará a Burkina Faso, na África, em 17 de outubro.
Além disso, está sendo confeccionada uma grande colcha de retalhos, na qual cada país representará, a partir de seus símbolos, o significado da Carta.
Leia a seguir trechos da Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade:
Igualdade
Todos os seres humanos e todos os povos são iguais e têm igual acesso a riquezas, terra, emprego e remuneração dignos, meios de produção, alimentação, moradia e educação de qualidade, serviços de saúde, segurança na velhice, meio ambiente saudável, energia, água potável, ar puro, informação, ócio, cultura, repouso, acesso à tecnologia e à ciência.
Nada justifica a discriminação ou a colocação de uma pessoa em situação de inferioridade ou que ponha em perigo sua dignidade e integridade física ou mental.
Antes de sermos cônjuges, companheiras, esposas, mães e trabalhadoras, as mulheres são cidadãs com pleno direito.
As tarefas não remuneradas, qualificadas como femininas, asseguram a vida e a continuidade da sociedade; portanto, devem ser valorizadas e compartilhadas.
Os intercâmbios comerciais entre países são equânimes e não prejudiciais para o desenvolvimento dos povos.
Liberdade
Todo ser humano vive livre de qualquer tipo de violência. Nenhum ser humano pertence a outro nem pode ser escravizado, ou ter obrigação de casar-se, ou sofrer trabalhos forçados ou ser objeto de tráfico ou exploração sexual.
Cada pessoa goza de liberdades individuais e coletivas que garantem sua dignidade, como liberdade de pensamento, de consciência, de religião, de expressão, de opinião, de viver sua sexualidade de maneira responsável e escolher a pessoa com quem quer partilhar sua vida, de votar e ser eleita, de participar da vida política, de associações, sindicatos, de escolher seu domicílio, estado civil, profissão, dispor de si e de seus bens.
As mulheres tomam livremente as decisões referentes a seu corpo, sexualidade e fecundidade e decidem por si mesmas se terão filhos ou não.
Somente nos marcos da liberdade e da igualdade pode-se exercer a democracia.
Solidariedade
Promove-se uma solidariedade internacional entre as pessoas e os povos, livre de quaisquer manipulação ou influência.
Todos os seres humanos são interdependentes e partilham o dever e a vontade de viver juntos, construir uma sociedade generosa, justa e igualitária, baseada nos direitos humanos, isenta de opressões, exclusões, discriminações, intolerâncias e violências.
Os recursos naturais, os bens e os serviços necessários para a vida são públicos e de qualidade e todas pessoas têm acesso a eles de forma igualitária e eqüitativa.
A contribuição de um e cada uma para a sociedade é reconhecida e se traduz em direitos sociais, seja qual for a função que ocupe.
As manipulações genéticas estão controladas. Não há direito de propriedade sobre o ser vivo e sobre o genoma humano. A clonagem humana está proibida.
Justiça
A justiça social está baseada na distribuição eqüitativa que permite eliminar a pobreza, limitar a riqueza e garantir a satisfação das necessidades essenciais da vida buscando melhorar o bem-estar das pessoas.
Está garantida a integridade física e moral de todas e todos, proíbem-se a tortura, os tratamentos humilhantes e degradantes. As agressões sexuais, as violações, as mutilações genitais femininas, as violências específicas contra as mulheres, o tráfico sexual são considerados crimes contra a pessoa e contra a humanidade.
Instaura-se um sistema judicial acessível, igualitário, eficaz e independente.
Os serviços de saúde e sociais serão públicos, de qualidade, acessíveis e gratuitos para todos os tratamentos, todas as epidemias e, em particular, para o HIV.
Paz
Todos os seres humanos vivem em um mundo de paz. Esta resulta em particular da igualdade entre os sexos, da igualdade social, econômica, política, jurídica e cultural, de respeito aos direitos, à erradicação da pobreza que garantam a todas e todos uma vida digna, isenta de violência.
A tolerância, o diálogo, o respeito à diversidade são garantia de paz.
Excluem-se todas as formas de dominação, exploração e exclusão de uma pessoa sobre outra, de um grupo sobre outro, de uma minoria sobre uma maioria, de uma maioria sobre uma minoria, de uma nação sobre outra.
Todos os seres humanos têm direito a viver em um mundo sem guerra e sem conflito armado, sem ocupação estrangeira ou base militar. Ninguém tem direito sobre a vida ou morte das pessoas ou dos povos.
Não há costume, tradição, ideologia, sistema econômico ou político que justifique a violência.
Os conflitos, armados ou não, entre países, comunidades ou povos resolvem-se mediante a negociação para que se alcancem soluções pacíficas, justas e equitativas em escala regional, nacional e internacional.
fonte: Érika Soares – Afubesp