Massacre de Carajás completa 11 anos de impunidade
Ontem, dia 17 de abril, um dos capítulos mais tristes da história recente do Brasil completou 11 anos. No município paraense de Eldorado dos Carajás, policiais militares abriram fogo contra cerca de três mil trabalhadores rurais ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que protestavam na rodovia PA-150. O saldo foi de 22 mortos e mais de 70 feridos.
O episódio, que ficou conhecido como Massacre de Eldorado dos Carajás, teve grande repercussão internacional e fez o 17 de abril ser declarado Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária.
Impunidade – Até o momento, apenas os dois comandantes da ação foram condenados (de um total de 144 incriminados). Na prática, porém, é como se não tivessem sido punidos: ambos asseguraram o direito de recorrer em liberdade. Os processos estão paralisados nos tribunais superiores.
Apesar de emblemática pelo número de vitimas numa só ação, a tragédia de 1996 é um entre muitos exemplos num país onde apenas 26 mil proprietários detêm 46,8% do total da área cadastrada para produção agrícola.
O reflexo da certeza de impunidade pode ser verificado pelo número de mortes em conflitos no campo desde então. Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), 393 assassinatos aconteceram no campo entre 1996 e 2005, a maior parte deles por conflitos de terra.
A regra, em praticamente todos os casos, é a falta de apuração devida dos fatos e a não punição dos assassinos. Mais: apenas em 2004, a CPT registrou 284 ameaças de morte a posseiros, sindicalistas, religiosos, funcionários públicos e trabalhadores rurais ligados à luta pela reforma agrária.
fonte: Seeb SP






