Mapa da Diversidade: todos na luta por igualdade de oportunidades
Com foco nos aspectos étnicos, de gênero e pessoas com deficiência, o projeto “Valorização da Diversidade no Setor Financeiro”, elaborado pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdade (CEERT), em um processo de discussão entre a Contraf-CUT e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) foi apresentado na manhã de terça-feira (12), em forma de workshop, a dirigentes sindicais de todo o país.
De acordo com a secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT, Arlene Montanari, o evento promovido pela Confederação teve como objetivo conscientizar o movimento sindical sobre a importância do Censo – que será aplicado nos próximos dias em todo o país – e preparar todos os dirigentes para o acompanhamento, incentivo e orientação aos bancários no preenchimento da pesquisa. “Vamos nos engajar nesse processo para conquistarmos, de fato, a igualdade de oportunidades e de tratamento nos bancos”, sustenta. Conforme o projeto, o Censo integra uma série de ações que visam identificar, comparar e analisar o perfil dos bancários, com base em dados referentes à cor/raça, gênero, faixa etária, escolaridade e ascensão profissional. Além do censo também estão sendo realizados levantamentos dos cases dos bancos, atuação de outros setores/empresas e práticas de RH. “O Mapa da Diversidade será um excelente meio de verificarmos a realidade nos bancos, além de possibilitar uma atuação mais focada da Contraf-CUT na Mesa Temática de Igualdade de Oportunidades que temos com a Febraban, uma vez que apresentará dados reais e não estimativas”, acrescenta Arlene. Para a diretora de Políticas Sociais da Fetec/CUT-SP, Maria Izabel da Silva, a realização do censo é uma conquista do movimento sindical bancário que de longa data vem discutindo com os bancos a necessidade de garantir a igualdade de oportunidade no local de trabalho. “O censo é o pontapé inicial para, após a tabulação dos resultados, discutirmos com a Febraban, a implantação e implementação de Políticas de Ações Afirmativas que garantam a igualdade salarial entre homens e mulheres, a contratação e ascensão profissional de negros e negras e a inclusão, com qualidade, das pessoas com deficiência, no mercado de trabalho bancário”, enfatiza. A Fetec/CUT-SP estará orientando os dirigentes sindicais para acompanharem o processo de aplicação do censo na categoria, além de elaborar um jornal especial, resgatando o histórico dos debates realizados sobre o tema, bem como a importância da participação efetiva dos bancários no preenchimento do questionário, pois disso dependerá o sucesso dos próximos passos. História de Luta – Prestes a completar uma década de discussão, o tema “Igualdade de Oportunidades” não foi sempre esse “mar de rosas”, onde todas as partes têm um objetivo comum – o da promoção da diversidade e da equidade no setor financeiro. Marcado por processos de embate e conflitos de interesses, a discussão atingiu níveis jurídicos antes de chegar ao patamar “democrático” em que se encontra hoje. Nesse sentido, vale lembrar que o Mapa da Diversidade surge do esforço conjunto da Contraf-CUT, Ministério Público do Trabalho e o movimento negro que denunciaram a discriminação existente no setor financeiro e arrancaram essa discussão com a Febraban sob muita pressão. “Esta reivindicação nasceu, justamente, quando denunciamos para a Febraban que havia discriminação nos locais de trabalho e que as contratações eram desiguais. As mulheres, os negros, os idosos, os homossexuais e os trabalhadores com deficiência são preteridos na hora da contratação ou têm poucas chances de subir na carreira. A Febraban, entretanto, negou a discriminação e nos desafiou a provar. Daí publicamos o ‘Rosto dos Bancários’, uma pesquisa realizada pelo Dieese, em 2001, que comprovava toda a discriminação que denunciamos”, explica Arlene. De posse dessa publicação, o Ministério Público do Trabalho procurou os bancos para garantir um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). O documento garante prazos e metas para eliminar as desigualdades, mas não houve concordância por parte dos bancos. Resultado: o MPT entrou na justiça contra cinco bancos (Itaú, Bradesco, ABN, Unibanco e HSBC) por discriminação coletiva. “Perdemos em primeira instância. Porém, o movimento negro arrancou uma audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Minorias na Câmara dos Deputados, em meados de 2005. A audiência rendeu reuniões permanentes que perduram até hoje, entre o MPT e Febraban, com participação da Contraf-CUT”, diz Arlene. O Mapa de Diversidade será aplicado em breve e todos os bancários do país devem responder a pesquisa com fidelidade. Ele nada mais é do que a “auditoria” que os trabalhadores reivindicam desde 1998. Com os dados em mãos, finalmente será possível estipular metas e prazos para a eliminação das desigualdades existentes no setor financeiro. fonte: Fetec/CUT-SP |