LIVRETO DO DEPUTADO ESTADUAL NIVALDO SANTANA (PCDOB-SP) FALA SOBRE O DESMONTE DO ESTADO E A ENTREGA DO BANESPA
A entrega do Banespa
Até hoje o Banespa não foi avaliado. Covas entregou o banco de São Paulo sem saber quanto ele valia.
A renegociação da dívida estadual foi aprovada na Assembléia Legislativa no dia 27 de dezembro de 1996, transformando-se na lei 9.466/96. O acordo federalizou a dívida do governo estadual junto ao Banespa e deu, como crédito, o próprio banco, a Fepasa e a Ceagesp. No entanto, quando a lei foi aprovada, o Banespa já estava sob intervenção federal desde 94.
“No caso do Banespa houve, ainda, um aspecto nunca suficientemente explicado à opinião pública. Afirmava-se que o banco tinha um “rombo”, que estava “quebrado”, insinuando-se uma situação igual à do Nacional, do Econômico e de outros bancos particulares que quebraram.
O Banespa nunca quebrou. Quem estava “quebrado” era o governo do Estado. Os créditos a receber existiam, o dinheiro existia. Mas a equipe de FHC construiu uma imagem de “quebra” para o Banespa, para abrir caminho para a privatização”, explica Aloysio Biondi em O Brasil privatizado.
Com a intervenção, o governador Mário Covas começou a negociar a rolagem da dívida com o governo federal. A demora nessa negociação fez com que a dívida subisse de R$ 9,1 bilhões para R$ 24,4 bilhões, somente com a cobrança de juros.
O governador poderia ter evitado a entrega do Banespa, se quisesse, já que na primeira negociação da dívida, o banco não entrava como garantia ao governo federal. Mas como a intenção de Fernando Henrique já era a de privatizar os bancos públicos, o governo federal não aceitou. E Covas voltou de mãos vazias, deixando São Paulo sem um de seus principais patrimônios.
Há ainda mais um detalhe nesta história: até hoje, o Banespa sequer foi avaliado. Ou seja, ele entrou no pagamento da dívida sem o governador Mário Covas saber quanto o Banespa valia. O pior é que o consórcio escolhido para a avaliação e modelagem da privatização do Banespa é liderado pelo banco Fator – cujo proprietário é irmão do ex-ministro Bresser Pereira, que por sua vez tem outro irmão que foi consultor do Fator e diretor financeiro da Telebrás. Uma ação entre amigos, como costumam ser os negócios no governo Fernando Henrique Cardoso.
Os interventores, por sua vez, se preocuparam apenas em “preparar” o banco para a venda: diminuíram o contigente de pessoal de 32 mil para cerca de 22 mil funcionários e fecharam 40 agências no interior e em outros Estados. Em nenhum momento houve a preocupação dos interventores federais em alavancar o Banespa no sistema financeiro, nem do governador Mário Covas de retomá-lo para o Estado – apesar das diversas manifestações de prefeitos de cidades do interior, funcionários do banco e parlamentares neste sentido.”
fonte: AFUBESP