Juro dos bancos é dez vezes maior que o oficial
As taxas cobradas por bancos e financeiras nas operações de crédito ao consumidor atingem até dez vezes a remuneração da Selic, que é a taxa básica de juros da economia determinada pelo Banco Central. Estipulada em 13%, o consumidor chega a pagar mais de 130% ao ano.
Desde setembro de 2005, quando a instituição começou a afrouxar a política monetária,a Selic caiu de 19,75% para 13,25% ao ano em dezembro de 2006. Nesse período, a taxa média anual cobrada ao consumidor teve uma queda muito menor, de 141,12% para 135,53% no mesmo período.
“É uma diferença impressionante”, observa o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, que coordena uma pesquisa mensal sobre os juros cobrados ao consumidor no país.
Na avaliação de Oliveira, entre os principais motivos pelos quais o consumidor paga taxas altas está a falta de competição entre bancos e financeiras no mercado, apesar do aumento da demanda por empréstimos pessoais.
Para definir os juros, na sua opinião, prevalece a lei da oferta e procura. “É como comprar chuchu na feira: se o produto estiver em falta, o preço sobe; se estiver sobrando, fica mais barato. Assim é o mercado”, observa.
Além da falta de competição, há fatores que encarem os juros de mercado e compõem o chamado spread bancário – a diferença entre a taxa que as instituições pagam para captar dinheiro e a cobrada nos financiamentos ao consumidor. Entre esses custos, estão a cunha fiscal formada por impostos e compulsórios, o risco de inadimplência de operação de empréstimo, as despesas administrativas e a margem de lucro das instituições, além do próprio custo do dinheiro financiado, que é determinado pela Selic.
De acordo com a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), de cada R$ 100,00 de receita financeira obtida pelos bancos, a margem líquida embolsada pelos seus acionistas foi de R$ 8,10.
fonte: O Sul com Agência Globo