IR DE BANQUEIRO É FICHINHA (VEJA NOTÍCIA DIVULGADA PELA FOLHA BANCÁRIA)
Enquanto você paga de 15% a 27,5% de seu salário em imposto de renda, bancos contribuem com 3,1% de receitas financeiras
“Os bancos pagam, proporcionalmente, de cinco a dez vezes menos imposto de renda que você. Enquanto os assalariados contribuem com alíquotas entre 15% e 27,5%, as empresas financeiras deixaram nos cofres da Receita apenas 3,1% do que faturaram em 1998 com intermediação financeira. O estudo, feito pela empresa de consultoria Austin Asis e divulgado na Folha de S.Paulo da última segunda, levou em consideração 114 bancos no país.
Para o tributarista e ex-secretário da Receita Federal Osires Lopes Filho, essas distorções acontecem porque o governo FHC tem uma política tributária “vagabunda”, porque não tributa quem tem capacidade produtiva nem cobra dos que evadem. “Quem suporta a maior parte da carga tributária do país é o super-homem que vive com um salário mínimo ou menos e é o mais penalizado através dos impostos indiretos”. Osires também lembra que uma das principais práticas do governo para elevar a arrecadação é manipular normas para cobrar mais de quem já está pagando corretamente. E afirma que 70% da arrecadação do IR no país vem do trabalho assalariado, 20% do não assalariado e apenas 10% de ganhos do capital.
O deputado federal Ricardo Berzoini também aponta que o sistema tributário brasileiro é complexo e cheio de brechas pelas quais é possível legalizar a sonegação e a evasão fiscal através do que é chamado de planejamento fiscal (especialistas contratados para que empresas paguem menos impostos). “Por isso é essencial que se faça uma reforma tributária que simplifique os impostos, cobre mais de atividades especulativas e lucrativas e desonere as produtivas e que geram mais empregos.”
Sem perdão – Para o presidente do Sindicato, João Vaccari, outro problema é que os assalariados têm descontos na fonte. “Pagam impostos cada vez mais altos. Já as empresas declaram os valores e utilizam diversas brechas para contribuir menos”, constata. “E apesar de pagar muito esses trabalhadores não têm acesso a saúde e educação com qualidade nem podem descontar integralmente os valores gastos no seu IR. Para isso, são obrigados a entrar com ações na Justiça, como fez o Sindicato no caso dos gastos com instrução.”
Uma reforma que simplifique os impostos e os tornem mais justos foi um dos principais temas do debate que aconteceu na última segunda no Sindicato que reuniu especialistas, parlamentares e representantes dos empresários e que será divulgado em breve. “
( Reprodução da matéria de capa da edição nº 4.061 (18 e 19 de maio) da Folha Bancária, publicação do Sindicato dos Bancários de SP)
fonte: AFUBESP