Intransigência: representantes dos bancos gostam de violência
Segundo dados do Dieese, 271 acordos coletivos foram fechados entre trabalhadores e seus respectivos patrões no primeiro semestre deste ano em todo o Brasil. E destes, 222 (82%) resultaram em aumento real de salário.
O que chama a atenção é que a esmagadora maioria desses movimentos transcorreu de forma pacífica, ainda que, no período, tenham sido registradas 32 greves por reajuste salarial. Ou seja, outros setores patronais entendem perfeitamente que a negociação é o caminho justo, maduro, sério e democrático para a construção de relações sadias de trabalho. Os banqueiros não.
Só para citar as mais recentes campanhas salariais dos bancários, tanto na de 2004 quanto na de 2005, os bancos usaram e abusaram da violência para barrar as manifestações, atividades e as greves da categoria.
Baseados em interditos proibitórios que parte do Judiciário concede incondicionalmente aos bancos, acionam a PM (outra parceira nas arbitrariedades cometidas contra os trabalhadores) para intimidar e pressionar os bancários a não aderir ao movimento da categoria.
O enfrentamento é inevitável – de um lado, trabalhadores exercendo seu direito legítimo de manifestar sua insatisfação pelas condições de trabalho impostas e, de outro, policiais cumprindo ordens de superiores interessados em defender o poder econômico e forçando o fim dos protestos.
Várias cenas lamentáveis de violência e brutalidade foram registradas nos últimos dois anos: cassetetes, gás de pimenta, socos, pontapés, cabeçadas, agressões covardes contra bancários e até contra a população. Em todas as ocasiões, as conseqüências poderiam ter sido trágicas (o Sindicato possui imagens em que são mostrados PMs prontos para sacar suas armas de fogo).
Irresponsáveis – Pela displicência e intransigência com que vêm tratando as reivindicações da campanha nacional deste ano, mais uma vez, a Fenaban leva o movimento à radicalização e à greve, para forçar os banqueiros a dialogar com seriedade.
Já na semana passada, o Sindicato dos Bancários de São Paulo recebeu visitas de oficiais de justiça, notificando a concessão de interditos proibitórios “preventivos”. Na paralisação decidida democraticamente pelos bancários do Centro Velho de São Paulo, na quarta, dia 20, mais uma vez apareceram os interditos e houve momentos de tensão em bancos como o Bradesco e o Itaú.
Os banqueiros, portanto, já mostraram que a truculência será novamente usada, que novos episódios violentos deverão acontecer, que pais e mães de família mais uma vez estarão expostos a uma tragédia de dimensões imprevisíveis.
“É incompreensível que o setor econômico que mais lucra neste País insista em tratar seus funcionários desta forma, sem oferecer nenhuma contraproposta às suas necessidades e ainda mandando ‘calar a boca’ de forma tão violenta e inconseqüente. É de uma total irresponsabilidade, que só pode ser explicada pela ganância e pelo egoísmo”, afirma a secretária-geral do Sindicato, Juvandia Moreira.
A entidade espera que a Fenaban reflita e conclua que vivemos tempos em que o diálogo deve suplantar a barbárie e convoque negociações, no mínimo, sérias.
fonte: Seeb SP