INTERVENTORES ESQUECERAM QUE O BANESPA AINDA NÃO ESTÁ PRIVATIZADO E POR ISSO FORAM DEMITIDOS
O presidente FHC, para tentar provar que ainda manda alguma coisa nesse país, demitiu ontem à noite todos os diretores do Banespa. O motivo foi a liminar que o banco conseguiu na sexta-feira, dia 18, isentando a instituição do pagamento da CPMF.
Para os banespianos e a maioria da sociedade, contrária à privatização, a saída do interventores, possibilita um novo atraso no processo de venda do banco. Comprova também a necessidade dos privatistas entenderem de uma vez por todas que a arrogância e o desrespeito ao funcionalismo não é garantia do emprego.
A diretoria demitida quase sempre preferiu o confronto ao diálogo com o funcionários que construíram e mantêm a força do Banespa. Um dos exemplos dessa postura arrogante foi sua negativa de reabrir as negociações do Acordo Coletivo 98/99, que se encontram paralisadas desde janeiro deste ano. A última proposta dos interventores, que visa facilitar a privatização e rebaixa direitos dos banespianos, é rejeitada por 80% do funcionalismo.
Tomaram diversas medidas em represália às entidades de representação que lutam contra a privatização do banco. No caso da Afubesp, cortaram o acesso ao AE, impediram a circulação dos informativos da entidade no malote, tentaram acabar com a liberação de todos os dirigentes e excluir a Afubesp de todas as cláusulas do acordo coletivo. Ou seja, fizeram de tudo para destruir a resistência democrática dos banespianos à entrega do patrimônio público.
Porque os interventores foram demitidos – Na avaliação da diretoria da Afubesp, o Conselho Diretor do Banespa caiu por querer ser mais realista que o rei. Acreditou que o Banespa já estava privatizado, aliás, é esse o discurso que seus representantes fazem nas agências e departamentos para tentar convencer o funcionalismo a desistir de lutar contra a venda do banco. A entrada com ação na Justiça contra a CPMF seria uma atitude normal de uma empresa privada contra um confisco rejeitado por toda a sociedade, mas acontece que o Banespa ainda é um banco sob controle do Estado e isso ficou novamente comprovado com a demissão.
Outra razão para o erro de avaliação cometido pelos interventores é resultado da compreensão equivocada de que a política econômica do governo FHC, na qual se insere a entrega do patrimônio público, é determinada pela lógica do mercado. Apesar de terem sido alertados, eles não entenderam que esse modelo é ditado pelo FMI, que representa os interesses dos grandes grupos econômicos e financeiros internacionais. Nesse sentido, a liminar conseguida pelo Banco foi uma afronta ao ajuste fiscal que o Fundo impôs ao país. E, pela fraqueza do governo, pode-se tudo nesse país, menos contradizer os desejos do FMI, por isso foram demitidos.
Eduardo Rondino, presidente da Afubesp, considera que os banespianos e a sociedade poderiam extrair algumas lições do episódio:
“O Banespa não está privatizado e a luta contra a privatização e sua transformação em banco público continua, agora, com um pouco mais de fôlego;
Os funcionários que possuem cargo dirigentes precisam, antes de tudo, respeitar os direitos e o profissionalismo do funcionalismo. Aqueles poucos que utilizam o terrorismo e a pressão como método de gerenciamento de pessoal, deveriam por as barbas de molho, pois mais uma vez ficou comprovado que essa postura autoritária não segura emprego de ninguém;
Os banespianos esperam da nova diretoria uma opção pelo diálogo, entretanto, não alimentam ilusões e estarão sempre dispostos a lutar contra os que desrespeitarem seus direitos.”
Fonte: afubesp