Idec detecta crime de venda casada na abertura de contas
O Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) foi a campo constatar o que os clientes e bancários já conhecem bem: os serviços oferecidos deixam a desejar e criam situações constrangedoras para correntistas e funcionários desde o início do relacionamento. Segundo o instituto, falta de entrega de cópia do contrato de abertura de conta corrente e tentativa de venda casada – crime previsto pelo Código de Defesa do Consumidor – são hoje os principais problemas encontrados na hora de abrir conta em banco.
As falhas foram identificadas em pesquisa da enti-dade realizada entre maio e agosto passados, envolvendo a abertura, movimentação e encerramento de contas em oito instituições: ABN Amro Real, Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica, HSBC, Itaú, Santander e Unibanco. De acordo com o Idec, na abertura de conta a falha mais grave foi a falta da entrega de cópia do contrato, assinada pelo banco, ao cliente. As respostas aos pedidos de cópia revelaram ‘falta de informação’ na classi-ficação dos pesquisadores.
Entre as desculpas figuraram justificativas como trata-se de “papel de circulação interna do banco’ (Itaú); “o contrato não podia ser entregue nem enviado pelo correio” (Unibanco) ou, ainda que seria enviado pelo correio (HSBC), o que não ocorreu. Já a venda casada, estreitamente ligada ao cumprimento de metas, revelou práticas consideradas mais agressivas. No HSBC o gerente, segundo o instituto, disse ao novo cliente que, para abertura de conta, o banco ‘pede’ a contratação de ao menos dois produtos. Já no BB o contrato continha adendo (não entregue ao cliente) no qual o funcionário anotou, sem consulta ao correntista, a opção por serviços como cheque especial.
“Os bancos criam armadilhas que pressionam bancários e clientes. Depois dizem que desconhecem os casos, que não é conduta da instituição e sim falha do funcionário, mas todos sabem que é mentira”, aponta a presidenta do Sindicato dos Bancários do ABC, Maria Rita Serrano. Ela lembra que a pressão para venda de produtos é violenta e coloca em risco o emprego do bancário. “Por isso defendemos na última campanha salarial que a meta seja coletiva, não individual, para que o próprio sentido de equipe ajude a mudar essa mentalidade e dê mais tranqüilidade ao bancário”, explica, enfatizando a necessidade de que os bancários denunciem aos sindicatos as irregularidades ocorridas nas instituições.
fonte: Seeb ABC