Hora de pressão para arrancar uma proposta decente dos bancos
Depois de negarem tudo na negociação passada, os banqueiros foram obrigados a voltar atrás na terceira rodada realizada nesta terça-feira, dia 29, em São Paulo. Eles admitiram, depois de muita pressão, que irão discutir segurança e o combate ao assédio moral em mesas específicas. Bancários de todo o país farão na próxima segunda-feira, 4 de setembro, Dia Nacional de Luta, antes da próxima negociação, em que Fenaban se comprometeu a apresentar proposta econômica.
“Os representantes dos banqueiros nunca quiseram discutir esses temas, sempre disseram que eram questões técnicas e, no máximo, aceitariam sugestões. Mas a pressão dos bancários em todo o país fez com que mudassem de postura”, afirma Vagner Freitas, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). “Mas precisamos aumentar ainda mais a pressão para arrancar uma proposta decente porque banqueiro não dá nada de graça”.
“Vamos intensificar a mobilização para arrancar uma proposta decente dos banqueiros, que garanta aumento real de salário, maior participação nos lucros e avanços no atendimento das demais reivindicações”, reforça o diretor do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários) e da Federação dos Bancários do RS, Amaro Souza, que representa o Estado no Comando Nacional dos Bancários.
Segurança, assédio moral e saúde
Em protesto contra a falta de segurança, os representantes dos bancários foram para a negociação todos vestidos de preto, em luto por causa da bancária assassinada, durante assalto na última quarta-feira, dia 23, em uma agência do Sudameris, em São Paulo. Como a insegurança vem adquirindo proporções assustadoras, a Fenaban voltou atrás e resolveu aceitar negociação em mesa específica que será constituída.
Depois de ser desafiado na semana passada a apresentar dados técnicos sobre assédio moral, o Comando Nacional também entregou, nesta terça-feira, pesquisa nacional feita com milhares de bancários, que demonstra que mais de 40% relataram que foram vítimas de atitudes negativas no local de trabalho. Boa parte foi exposta a situações de assédio.
A Fenaban também teve de voltar atrás e aceitar a criação de uma mesa temática. Apenas “tucanaram”, chamando o combate ao assédio moral de “prevenção coletiva de conflitos no local de trabalho”.
Ainda ficou definida a criação de uma comissão que já irá discutir as reivindicações das cláusulas de saúde, no dia 13 de setembro.
Proposta decente de reajuste e PLR
“Na negociação desta terça-feira, não houve nenhum avanço em relação ao aumento real de salário e sobre a melhoria na PLR”, ressalta Amaro. “Apesar de sua lucratividade recorde, os banqueiros não querem valorizar o empenho e a dedicação da categoria e, por isso, a mobilização vai crescer”.
Sobre PLR, os bancos não pretendem avançar nada na proposta feita pelos bancários, que é de 1 salário mais R$ 1.500, mais 5% do lucro líquido divididos de maneira linear para todos os funcionários.
Dia Nacional de Luta
O Comando Nacional indicou para a próxima segunda-feira a realização de atividades por todo país no Dia Nacional de Luta, pois antecede a provável data da próxima negociação, que deve ocorrer na terça-feira, 5 de setembro, em que a Fenaban se comprometeu a apresentar proposta econômica. Os bancários reivindicam aumento real de 7,05%, reposição automática da inflação e PLR maior. “Temos de fazer uma grande manifestação para convencê-los a apresentar uma proposta decente”, conclui Vagner.
fonte: SindBancários, Contraf-RS e Seeb SP