Governo autoriza BB e Caixa a recorrer ao TST e cortar ponto de bancários em greve
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou que a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil cortem o ponto dos bancários em greve. Após reunião de representantes do primeiro escalão no Palácio do Planalto, o governo decidiu que, caso os bancários de BB e Caixa não aceitem a proposta feita pelas instituições – 8,5%, mesmo percentual proposto pelos bancos privados – o ponto dos grevistas será cortado, retroativamente ao início da greve, que já dura 12 dias.
Participaram do encontro os ministros Luiz Gushiken (Secretaria de Comunicação de Governo) e Ricardo Berzoini (Trabalho), além de Bernard Appy, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, e os presidentes da CEF, Jorge Mattoso, e do BB, Cassio Casseb.
Lula não participou da reunião, mas deu aval à decisão. O presidente havia se encontrado antes com os ministros do núcleo de coordenação de governo e a conclusão foi que era preciso analisar o assunto e tomar uma posição.
Segundo a Confederação Nacional dos Bancários (CNB/CUT), a paralisação continua em 24 Estados, com cerca de 200 mil trabalhadores parados.
Segundo o Ministério do Trabalho, antes de cortar o ponto BB e CEF deverão entrar como ação no Tribunal Superior do Trabalho (TST) pedindo que a Justiça declare a greve abusiva, de forma a respaldar a suspensão do pagamento pelo período que a greve durar.
A Federação Nacional de Bancos (Fenaban) já encaminhou em manifestação entregue ao TRT-SP um aviso de que haverá desconto de dias parados caso a greve seja considerada abusiva num eventual julgamento.
O assunto também foi tratado numa reunião ontem (27) entre representantes dos bancos oficiais, preocupados com as conseqüências da paralisação para os aposentados e beneficiários do Bolsa Família, e o presidente do presidente do TST, Vantuil Abdala. Segundo fontes do TST, os representantes dos bancos oficiais chegaram ao tribunal decididos a pedir a imediata intervenção judicial, mas foram convencidos pelo ministro a esperar a audiência pública de conciliação no TRT-SP, marcada para as 14h desta quarta-feira, entre o Sindicato dos Bancários de São Paulo e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban).
O juiz Pedro Paulo Teixeira Manus, vice-presidente do TRT-SP, negou pedido dos bancos para que a questão fosse encaminhada ao Tribunal Superior do Trabalho (TST). O juiz também indeferiu o pedido de liminar do Ministério Público do Trabalho, que pedia manutenção de 70% dos serviços bancários, sob pena de multa diária de R$ 200 mil. Para o juiz, não há paralisação de mais de 70% dos serviços bancários e, portanto, não havia motivo para a liminar.
A categoria reivindica reposição da inflação mais aumento real de 17,68% . A proposta dos bancos prevê reajuste salarial de 8,5% mais R$ 30 para quem ganha salários até R$ 1.500, o que implicaria reajustes de até 12,77% e aumento real de 5,75%.
Ao comentar a decisão da CEF e do BB, o presidente da CNB, Vagner de Freitas, disse que os bancários não vão aceitar negociar separadamente com qualquer banco e que a discussão dos dias parados só virá depois do acordo.
“Não queremos negociar com o banco A ou B, mas com a Fenaban. Banco do Brasil e CEF poderiam ajudar na reabertura das negociações, mas eles demonstraram falta de sabedoria e incompetência para negociar ao procurar o Tribunal Superior do Trabalho.”
fonte: Globo Online