FGV mostra que a miséria no país é a menor desde 92
A Fundação Getúlio Vargas (FGV) apresentou segunda-feira, dia 28, um estudo que mostra os avanços dos indicadores sociais e a queda no índice de pobreza em 2004. A taxa de miséria no país atingiu, no ano passado, seu nível mais baixo desde 1992.
“Houve uma queda espetacular no índice de pobreza, movida pelo aumento da ocupação, redução da desigualdade de renda do trabalho e pelo aumento de transferências focalizadas do estado”, afirmou o coordenador do Centro de Políticas Sociais da FGV, Marcelo Néri.
O Estudo tem como base dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) apresentada na última sexta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Esse é o primeiro estudo sobre a pobreza brasileira que utiliza os dados da pesquisa divulgada pelo IBGE. O levantamento do PNAD 2004 aponta indicadores que mostram evolução em educação, inclusão social e melhor distribuição de renda, além de aumento do nível de emprego.
O levantamento apresenta, por exemplo, o acréscimo de um milhão de novos estudantes de 2002 a 2004. A taxa de analfabetismo das pessoas acima de 15 anos caiu de 11,8%, em 2002, para 11,2%, em 2004. Também aumentou o número médio de anos de estudo em todas faixas de idade.
As comparações nos indicadores educacionais dos últimos cinco anos foram realizadas pelo IBGE e foi possível verificar que houve melhoria acentuada no nível de escolarização da crianças e adolescentes de cinco anos a 17 anos de idade entre 2003 e 2004.
Também verificou-se que, de 1999 até 2004, a parcela de crianças que não freqüentava a escola diminuiu de 29,0% para 18,2% no grupo de cinco anos e seis anos de idade; de 4,3% para 2,8% no de sete anos a 14 anos de idade; e de 21,5% para 17,8% no de 15 anos a 17 anos de idade.
Ainda nessa comparação, a taxa de analfabetismo das pessoas de 10 anos ou mais de idade caiu de 12,3%, em 1999 para 10,4%, em 2004. Na faixa etária de 10 a 14 anos de idade, onde se espera que a criança esteja pelo menos alfabetizada, a taxa de analfabetismo baixou de 5,5%, em 1999, para 3,6%, em 2004.
A pesquisa também aponta melhoria nas condições de vida, com aumento do acesso aos serviços de telecomunicações. O levantamento aponta como destaque o aumento do número de domicílios com telefone fixo e celulares (61,7% para 66,1%), microcomputador (14,2% a 16,6%) e acesso à Internet (10,3 a 12,4%), de 2002 a 2004.
Segundo o deputado Jorge Bittar (PT-RJ) esses elementos revelam “a consistência de uma realidade que está emergindo com base em responsabilidade e seriedade de iniciativas, tanto na orientação da política econômica como nas políticas sociais”, disse.
Desigualdade
A pesquisa da PNAD revela ainda que a desigualdade de renda diminuiu nas regiões Norte (área urbana), Sudeste e Sul. No Centro-Oeste e no Nordeste, caiu em relação a 2002, mas se manteve estável em relação a 2003.
A participação na renda dos 50% mais pobres cresceu entre 2002 a 2004: passou de 14,4% da renda para 15,2% da renda total. Já os 5% mais ricos da população, por sua vez, tiveram redução de 33,8% para 32,5% da renda total, entre 2002 e 2004.
Ocupação
O levantamento também mostra que aumentou o número de ocupados em 3,8 milhões de trabalhadores de 2002 a 2004, atingindo o maior nível de ocupação desde 1996. A taxa de desocupação caiu no Brasil de 9,2% para 9,0%. Houve queda em todas as regiões, com exceção do Nordeste
Destaque também para o rendimento médio real do trabalhador, que depois de cair desde 1997, estabilizou-se em R$ 733 e a concentração das remunerações continuou em declínio: enquanto a metade com os menores rendimentos da população ocupada teve ganho real de 3,2%, a outra metade teve perda de 0,6%.
fonte: Informes