Fenaban não apresenta reajuste e quer retirar 13ª cesta-alimentação
Na segunda rodada de negociações com o Comando Nacional dos Bancários, realizada nesta terça-feira, dia 6, em São Paulo, a Fenaban não apresentou índice de reajuste salarial, considerou “absurda” a nova proposta da categoria para a Participação dos Lucros e Resultados (PLR), respondeu “não” para as reivindicações econômicas e ainda anunciou a retirada da 13ª cesta-alimentação.
“Os banqueiros frustraram a expectativa da categoria ao negarem as nossas reivindicações e não apresentarem uma proposta salarial e, o que é pior, querem eliminar a cesta-alimentação extra, conquistada no ano passado, o que seria um retrocesso e isso é inaceitável”, reclamou o diretor do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região e da Federação dos Bancários do RS, Amaro Silva de Souza, que representa os gaúchos no Comando Nacional.
Nenhum índice foi apresentado pela Fenaban. Sobre a correção da inflação para manter o poder de compra, os banqueiros disseram que não existe indexação e nem querem discutir essa garantia. A postura do Comando Nacional foi taxativa, dizendo que essa reposição não deve nem ser discutida, mas sim o aumento real. Eles responderam, no entanto, que aumento real é “excepcionalidade”, depende da campanha salarial.
“Cada vez fica mais claro que teremos de nos organizar. Não importa o quanto aumentaram seus lucros, a única linguagem que entendem é a pressão. Parece que querem greve”, disse o secretário-geral da Confederação Nacional dos Bancários (CNB/CUT), Carlos Cordeiro.
Os bancários reivindicam um reajuste de 11,77% (5,69% da inflação projetada pelo ICV-Dieese nos últimos 12 meses e 5,75% de aumento real). No primeiro semestre deste ano, mais de 72% das categorias que firmaram acordos coletivos no RS obtiveram reposição da inflação e aumento real de salários, segundo levantamento divulgado ontem pelo Dieese.
A nova formatação da PLR foi considerada outra “excepcionalidade” pelos banqueiros, o que revela o enorme descaso com os bancários que, apesar das metas abusivas e das precárias condições de trabalho, foram os principais responsáveis pelos lucros recordes obtidos pelos bancos. Somente no primeiro semestre deste ano, eles lucraram mais de R$ 15 bilhões.
Os bancários querem uma parte desses lucros e, por isso, reivindicam como regra básica da PLR o pagamento de um salário mais um valor fixo de R$ 788, acrescidos da distribuição linear de 5% do lucro líquido de cada instituição. Se os lucros crescem, os bancários devem ganhar mais para melhorar a sua renda.
Nova rodada foi marcada para quarta-feira da próxima semana, dia 14, às 14h, na capital paulista. “Além de continuar negociando as cláusulas econômicas, vamos discutir também as cláusulas sociais, sindicais, emprego, saúde e condições de trabalho”, afirmou Amaro.
Mobilização para arrancar proposta
O Comando Nacional, reunido antes da negociação, aprovou um calendário que aponta para a construção da mobilização da categoria. Para o presidente da CNB/CUT, Vagner Freitas, os bancários devem participar de todas as atividades indicadas para forçar os banqueiros a apresentar uma proposta que atenda suas reivindicações. “A participação nas atividades propostas é que forçará o patrão a fazer uma proposta decente. Se as negociações não avançarem, conforme nossas reivindicações, só a greve mudará a postura dos banqueiros”, reforça.
“Somente com luta vamos mudar a postura da Fenaban na mesa de negociações”, defendeu Amaro. Na próxima quinta-feira, dia 15, todos devem participar da passeata dos bancários, com concentração a partir das 17h, na Praça da Alfândega, no centro da capital. “Queremos avançar, não aceitamos retrocessos e só com unidade e pressão os bancos vão dançar conforme a nossa música”, concluiu.
Calendário nacional dos bancários
Setembro
09 – Negociação com Banco da Amazônia
13 – Dia Nacional de Luta/ Negociação com Banco do Brasil, BNB e Besc
14 – Reunião do Comando Nacional/ Negociação com a Fenaban
15 – Manifestações no BEC e Rural/ Negociação com a Caixa Federal
16 – Negociação com Banco do Brasil
14 a 21 – Paralisações em regiões
20 – Negociação com Banco da Amazônia
21 – Passeatas com assembléias
23 – Último dia para negociação
26 a 30 – Atividades para construir o Encontro Nacional dos Bancários
Outubro
01 – Encontro Nacional dos Bancários
fonte: Seeb PoA