Febraban paga viagem de magistrados a Comandatuba
Não param de chegar ao Sindicato dos Bancários de São Paulo manifestações de repúdio sobre a relação no mínimo duvidosa entre a Febraban e 47 juízes, que passaram o feriado de Sete de Setembro em Comandatuba, com as despesas totalmente pagas pela entidade que representa os bancos brasileiros. A reportagem do Jornal Folha de S.Paulo dá conta de que a Febraban arcou com a fatura no valor de R$ 182 mil para que 16 ministros do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) e 31 desembargadores de sete Estados desfrutassem do resort de luxo no litoral baiano e assistissem ao seminário sobre spread e crédito bancário.
O encontro, cujos principais palestrantes foram os danos de bancos – entre eles Marcio Cypriano, presidente da Febraban -, foi promovido no momento em que cresce no país a cobrança para a redução do spread bancário no país, considerado um dos maiores do mundo. O Spread é a diferença entre o que os bancos pagam para captar o dinheiro e a taxa que eles cobram quando emprestam. Segundo a reportagem, Cypriano teria justificado a situação como uma oportunidade de diálogo com os juízes, uma maneira de um “conhecer melhor o outro”.
O presidente do Sindicato manifesta seu repúdio à atitude da Febraban, classificada como inconstitucional por integrantes do Conselho Nacional de Justiça. “Acho muito problemático que juízes recebam financiamento de quem quer que seja. Nesse caso específico, os bancos podem estar utilizando-se, mais uma vez, do poder econômico que têm, para tentar influenciar opiniões, como sobre o spread. Pode até não acontecer nada, mas não é saudável para a democracia que isso aconteça”, avalia Luiz Cláudio Marcolino. Ele lembra que os bancários sofrem com os interditos proibitórios que os bancos conseguem na Justiça, contra o livre direito de manifestação dos trabalhadores.
Só na campanha deste ano foram concedidos 14 interditos. No ano passado os juízes emitiram 109 documentos contra os bancários. “Os juízes concedem um instrumento que trata de preservação do patrimônio contra os bancários em greve. Uma situação como essa, em que em plena campanha nacional dos bancários os juízes recebem financiamento dos bancos, levanta no mínimo dúvida de como tantos interditos são concedidos antes mesmo de qualquer greve acontecer”, reitera o dirigente.
O Sindicato já questionava a ausência dos banqueiros que suspenderam o diálogo com a categoria e emperram as negociações sem apresentar uma contraproposta às reivindicações apresentadas pelos bancários. Muitos e-mails chegaram á entidade especulando onde estariam os banqueiros que se negam a responder à categoria, ninguém imaginava que eles estavam todos reunidos em Comandatuba para “estreitar laços” de amizade com magistrados e ainda gastando recursos que poderiam ser revertidos na composição de uma proposta de aumento real e PLR maior para os bancários.
fonte: Seeb SP