Extrapolação da jornada facilita assalto ao Santander
O trabalho além da jornada de seis horas dos bancários facilitou o mais recente assalto a banco na capital gaúcha. Os três assaltantes que entraram na agência Rua Sete de Setembro (antiga Matriz), do Santander, por volta de 19h15 da quarta-feira, dia 27, aproveitaram a falta de vigilância naquele horário e a inexistência de policiamento na zona central de Porto Alegre. Eles aguardaram a abertura do cofre e levaram o dinheiro, provocando medo e pavor nos gerentes.
A ocorrência fez o Sindicato retomar o pedido de audiência urgente com o secretário de Segurança Pública, José Francisco Mallmann, solicitada no último dia 19 e até agora sem resposta.
O diretor de comunicação do SindBancários, Ademir Wiederkehr, esteve nesta quinta-feira, dia 28, na agência, solicitando a emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) para todos os que presenciaram o assalto. “Além do atendimento às vítimas, reivindicamos o respeito à jornada de trabalho e a melhoria das condições de segurança nas agências e postos, estes ainda sem câmeras de video, descumprindo legislação municipal”, afirma o dirigente sindical, que também é diretor regional da Afubesp.
A entidade também exige a retomada do Grupo Interinstitucional de Trabalho sobre Segurança Bancária, que não teve mais encontros desde a troca de secretário. Conforme o SindBancários, não é a primeira vez que uma agência do Santander é assaltada no início da noite.
O banco tem responsabilidade sobre o fato, pois faz os funcionários trabalharem muito além da jornada prevista em lei para a categoria. Segundo levantamento do Sindicato, o ataque desta quarta-feira foi o oitavo contra instituições bancárias ocorrido em junho no RS, sendo três na Capital e os demais no Interior.
Violência faz mal à saúde
Os assaltos preocupam a entidade pelo impacto do trauma para a saúde mental dos trabalhadores, ressalta Juberlei Baes Bacelo, presidente do SindBancários. A categoria lidera a estatística de afastamentos por doenças provocadas pelo trabalho, registrando incidência quatro vezes maior do que outros segmentos de trabalhadores.
Transtornos e doenças mentais respondem por fatia cada vez maior dos benefícios concedidos pela Previdência Social. Representam hoje 15% de todas as concessões. O problema, alerta Bacelo, é que o dano à saúde pode surgir muito tempo depois da violência.
“Os bancos não registram a ocorrência como acidente de trabalho o que enfraquece o nexo entre o fato e eventual problema de saúde que o bancário pode enfrentar mais tarde.” O SindBancários, a Federação dos Bancários RS (FEEB-RS) e o Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador, com sede na Capital, lançaram este mês campanha estadual para prevenir e combater o impacto da organização do trabalho e de fatos como os assaltos sobre a saúde mental.
fonte: SindBancários