Em empresas, igualdade fica do lado de fora
As maiores empresas do Brasil têm mais ações externas do que internas de promoção da igualdade social. Um estudo do Instituto Ethos e do IBOPE Opinião mostra que 17,2% das grandes companhias do país apóiam projetos comunitários de melhoria da mão-de-obra de grupos discriminados no mercado de trabalho (como mulheres, negros e trabalhadores com mais de 45 anos). Mas apenas 5,7% têm programas que incentivam a contratação dessas pessoas.
Intitulado Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas do Brasil e suas Ações Afirmativas e divulgado na terça-feira, o levantamento debruçou-se sobre dados do ano passado de 119 das 500 empresas brasileiras de maior faturamento. Dentre elas, 52% afirmaram adotar algum tipo de atividade ou projeto em prol de grupos discriminados ou da promoção da equidade entre seus funcionários.
Em geral, as ações desenvolvidas dentro das empresas são em menor número que as de apoio à comunidade. A exceção são os programas especiais para a contratação de pessoas com deficiência — 21,3% das companhias adotam iniciativas nessa área.
Mesmo pequena, a proporção de empresas com projetos especiais para contratação de pessoas discriminadas (5,7%) é ainda maior que a de corporações com ações para reduzir a diferença entre o maior e o menor salário (4,2%), capacitar funcionários com mais de 45 anos de idade (4,2%), capacitar funcionárias (2,1%) e capacitar funcionários negros (2,1%). Na maioria dos casos, porém, houve uma melhoria em comparação com as taxas de 2003.
Os números, avalia o Instituto Ethos, evidenciam que as empresas têm tradição maior em investir em projetos ação social e ainda não têm o hábito de promover a eqüidade internamente. Mas os resultados da pesquisa foram vistos com otimismo. “Ainda que tímidos, tais avanços, tanto na questão racial quanto na de gênero e na de pessoas com deficiência, sugerem ter aumentado a preocupação das empresas com o desafio de promover a diversidade e combater a desigualdade social no mercado de trabalho”, aponta o relatório.
A pesquisa foi desenvolvida em parceria com a Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a OIT (Organização Internacional do Trabalho) e o UNIFEM (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher). Grande parte das empresas da amostra (76%) tem mais de mil funcionários, sendo que 21% dessas empresas têm um número de empregados superior a 5 mil.
fonte: PNUD Brasil