Economista explica recorde nos lucros dos bancos
Os lucros dos bancos batem recorde atrás de recorde. Hoje, saiu mais um número: o lucro do Itaú no ano passado: R$ 3,776 bilhões. O maior da história do sistema bancário brasileiro, segundo a Economática, consultoria que fez as contas já descontando a inflação: ou seja, é lucro recorde real mesmo.
Os outros grandes bancos que já divulgaram seus balanços não ficam nada a dever. Veja o lucro deles também em 2004:
– Bradesco: R$ 3,06 bilhões
– Banco do Brasil: R$ 3,024 bilhões
– Unibanco: R$ 1,283 bilhão
O economista Fernando Exel, presidente da Economática, explicou os números em entrevista a Lillian Witte Fibe, no UOL News.
“Houve crescimento grande na conta chamada receita de serviços bancários, as tarifas. Em 2003, o conjunto dos sete maiores bancos do Brasil faturou R$ 19,8 bilhões com tarifas. Em 2004, a cobrança de serviços rendeu um faturamento de R$ 22,4 bilhoes.”
“Em 2004, apesar dos bancos terem ganho menos dinheiro com o spread, eles ganharam bem mais nessa outra parte, no dinheiro que entra por tarifa, por serviço.”
Exel observou que nas despesas com pessoal, por exemplo, houve queda (na soma dos sete maiores bancos) de R$ 18,7 bilhões em 2003 para R$ 18,3 bilhões em 2004. “Apesar de ganhar mais nos serviços, os bancos não gastaram mais com pessoal.”
Boa remuneração e baixo risco
“O governo é o grande tomador de recursos dos bancos. Ele remunera muito bem e, nos últimos 15 anos não deu nenhum calote. É aí que os bancos lucram tanto”, disse Exel. “A gente precisa pensar se é possível manter essa equação em que o governo paga juros altíssimos e não dá calote. Até quando isso é possível? No Brasil, a situação do banco é mais confortável porque ele tem o endereço certo para emprestar: o governo. Já sabe para quem emprestar e o risco é muito baixo. O tomador paga juro alto e tem o risco baixo.”
Segundo Exel, o conjunto dos sete maiores bancos bateu de longe o recorde de lucro: foram R$ 11,5 bilhões em 2004.
“No ano de 2003 o lucro desse conjunto já tinha sido recorde. Em 2004, houve novo recorde. É um pouco difícil explicar o motivo, pois 2003 foi melhor que 2004 para os bancos. Em 2003, os juros da taxa Selic estavam mais altos. Quanto mais nas alturas os juros, mais fácil para o banco abrir o ‘spread’ dele, mais elasticidade ele tem, e também ganha mais. A Selic média caiu de 23,3% em 2003 para 16,2% em 2004”, disse o economista.
fonte: UOL News