Economista analisa macroeconomia para bancários
A coordenadora do Curso de Economia da Unicamp, Maria Alejandra Madi, apresentou o cenário macroeconômico no começo da tarde de terça-feira, dia 26, em São Paulo, na Reunião Conjunta das Redes Sindicais dos Bancos Internacionais, que reúne sindicatos de várias partes do mundo. O evento é uma iniciativa do Comitê de Finanças da CCSCS, UNI Américas Finanças e Projeto CUT/FNV, com o apoio da CNB/CUT, Fetec SP, Sindicato dos Bancários de São Paulo e Afubesp.
O crescimento da economia brasileira está atrelada as economias dos Estados Unidos e China. O consumo do crédito em alguns países em desenvolvimento cresceu, mas mais voltado às grandes empresas e ao consumidor. As pequenas e médias empresas não conseguem viabilizar o crédito nos bancos estrangeiros.
“A política econômica facilitou o não cumprimento do papel dos bancos”, afirma a economista, referindo-se ao crédito produtivo. Conforme Alejandra, o próprio BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento – reconheceu que a liberalização não pode confirmar as expectativas em relação aos bancos estrangeiros na América Latina, que não ampliam crédito produtivo.
“A sociedade latino-americana está mais endividada e comprometendo a renda futura com o fácil acesso do crédito ao consumidor”, argumenta. No Brasil o crédito é caro, escasso e volátil. “A taxa de juros referencial é alta e isso encarece o crédito”, acrescenta.
Na outra mão, a alta liquidez internacional valoriza as moedas locais, os países acabam se beneficiando disso para o pagamento das dívidas, mas as exportações podem ser prejudicadas pela valorização cambial.
Pela lógica do capital, os bancos estão voltados à gestão de ativos. Tanto que o índice de Basiléia está fundamentado na gestão de risco e as perdas, que podem se dar em função de mudanças macroeconômicas.
A economista esclarece que há uma nova reconfiguração da riqueza que é cada vez mais líquida e flexível, o que exige acomodação das outras peças da sociedade como consumo e investimento. “A sociedade deve se adequar a essa nova organização imposta pelas elites”, esclarece.
Ela instiga os participantes e questiona: “Como buscar coesão em circunstâncias nas quais o interesse pessoal está acima da coletividade e a individualidade é estimulada pelos bancos?”
Para Alejandra, é necessário um novo arranjo para fazer frente a uma realidade nova, que surgiu com o final da União Soviética e a consolidação dos princípios neoliberais.
A economista lembra que a organização sindical no Brasil se fortalece num período anômalo para o capital, que busca sempre a liberdade, não ter barreiras. “O sindicatos precisam de uma nova resistência. A tecnologia também é um instrumento para que as barreiras no mundo do trabalho sejam rompidas. O sindicato não é mais o mesmo, porque as pessoas não são mais as mesmas”, conclui.
fonte: Carolina Coronel – CNB/CUT