Doze estados juntos não arrecadam o que sete bancos cobram de tarifas
A ganância já corresponde ao orçamento de quase metade dos estados brasileirosSão Paulo – A cena já virou rotina, cada vez mais caixas eletrônicos dominam o cenário das agências bancárias. Cada vez mais, o atendimento especializado fornecido pelos bancos vai sendo substituído pelo eletrônico. E os clientes, obrigados a se utilizar destes serviços, ainda têm que pagar por eles, e muito caro.
Pois é, qualquer transação é taxada pelos bancos. Ao longo do tempo, mais e mais tarifas foram sendo criadas, desmembradas, a ponto de 40% da arrecadação geral dos bancos vir da receita de prestação de serviços. Esse montante, que somou o fantástico valor de quase R$ 31 bi em 2005 somente nos sete maiores bancos (Banco do Brasil, Caixa, Bradesco, Itaú, Unibanco, Santander Banespa e Nossa Caixa), representa o orçamento de 12 estados da União em 2004.
Com esse dinheiro, Amapá, Acre, Alagoas, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Piauí, Paraíba, Roraima, Rondônia, Rio Grande do Norte, Sergipe e Tocantins não precisariam se preocupar por um ano com a administração de seus serviços.
Segundo dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a despesa de todos esses estados, juntos, somam R$ 28,823 bi. Verba com a qual esses estados financiam saúde, educação, transporte, saneamento, enfim, dinheiro para administrar e bancar todas as responsabilidades de um estado da União. “A cada dia os bancos lançam mais produtos e com o que arrecadam, deveriam ter um atendimento de luxo para todos os clientes, inclusive com tapete vermelho. Ao invés disso, o banco demite, terceiriza, ou seja, não dá o retorno necessário”, avalia o presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino.
Só no Itaú, que mais uma vez liderou a tabela dos ganhos com prestação de serviços, os R$ 7,737 bi poderiam cobrir a despesa orçamentária de Roraima por uma década (leia mais). Já o Bradesco aparece logo atrás, com R$ 7,348 bi, passando dos 26% de aumento, o maior em 2005.
“Exagero é o mínimo que podemos falar quando o assunto é a cobrança de tarifas. Cada vez mais os bancos afugentam os clientes das agências, empurrando-os para o auto-atendimento ou para a mais nova modalidade, os correspondentes bancários. E os cidadãos ainda pagam por isso. Por outro lado, os banqueiros exigem cada vez mais dos bancários, transformando a categoria numa das mais pressionadas e sofridas”, lembra a secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira.
fonte: ]Seeb SP