Dissídio: presidente da CNB considera medida equivocada
O presidente da CNB/CUT, Vagner Freitas, destacou na segunda-feira (11) que a iniciativa tomada pela Contec de ajuizamento de dissídio coletivo junto ao Tribunal Superior do Trabalho é equivocada. “Em primeiro lugar, os históricos de julgamentos no TST são desfavoráveis aos bancários, depois esta medida significa deixar de acreditar na força do trabalhador e apostar no poder normativo da Justiça do Trabalho e, por último, ainda divide a categoria uma vez que o dissídio é só para o Banco do Brasil e Caixa, separando a campanha”, disse.
Freitas lembrou as duas últimas vezes em que ocorreram julgamentos das reivindicações dos funcionários do BB as sentenças foram desfavoráveis. Em 1997, o Tribunal determinou a redução do interstícios de 12% para 3% no Plano de Cargos e Salários e, em 1999, os bancários perderam o direito ao anuênio. Já na Caixa, em 1991, o TST considerou a greve ilegal e 110 funcionários foram demitidos por justa causa.
“Nós construímos o movimento sindical nos contrapondo a estrutura vigente, tanto na época da construção da CUT, como ainda hoje. Não podemos admitir que a luta de classe seja substituída pela conciliação de classe e que Justiça do Trabalho tome o lugar da organização dos trabalhadores”, destacou.
Freitas lembra que há vários anos os bancários conseguiram afastar este fantasma de suas lutas, mas agora, com a instauração de dissídio, eles são novamente levantados e nunca são favoráveis à classe trabalhadora. “Este é um ato de desespero. Quando se entra numa greve, devemos saber o que pode acontecer, podemos chegar a um impasse. Não é a primeira greve em que isto ocorre. Temos que resolver o impasse na luta e não com atitudes desesperadas de apelar para a Justiça do Trabalho, por exemplo”, disse o dirigente.
Vagner vai além. Na sua avaliação, o pedido de ajuizamento não só ressuscita velhos fantasmas, como enfraquece os trabalhadores, fortalece os inimigos e divide a categoria. “Nossa campanha é unificada, a medida ao invés de somar esforço para uma campanha vitoriosa, divide e enfraquece”, ressaltou.
Os bancários esperam que o impasse seja resolvido já na audiência de conciliação, que não vá para julgamento e que os sindicatos, legítimos representantes dos trabalhadores, sejam assistentes na conciliação para poder defender os direitos de seus filiados.
Greve continua – A greve dos bancários está mantida nas 24 capitais que iniciaram o movimento. A Executiva Nacional dos Bancários, reunida na sexta-feira, em São Paulo, orientou aos sindicatos que se empenhem para fortalecer a greve nos bancos públicos e que a retomem nos bancos privados para forçar a Fenaban a apresentar uma nova proposta.
Em São Paulo, a assembléia já aprovou a continuidade da greve e na segunda-feira (11) novamente violência policial. As atividades no CAU e Super BB tiveram início às 6h, estendendo-se até às 10h, quando foram interrompidas mediante força policial e interditos proibitórios. Por volta das 12h, a cena repetiu-se no Itaú CTO, cuja truculência forçou os bancários a retornarem ao trabalho.
fonte: Meire Bicudo – CNB/CUT