Dieese aponta que mulher é discriminada no trabalho
As mulheres já são metade da força de trabalho do país. No entanto, estão mais sujeitas a contratações vulneráveis, sem proteção e direitos garantidos por lei. Os dados constam no estudo do Departamento Intersindical de Economia e Estatística (Dieese/RS) sobre Trabalho e Renda da Mulher na Família, divulgado no domingo (6), mas realizado especialmente para o Dia da Mulher, comemorado nesta terça, 8 de março.
De acordo com a análise, feita entre 1998 e 2004, em Porto Alegre e região Metropolitana, 49,8% das mulheres em idade para trabalhar estão no mercado, ante 66,8% dos homens. O maior crescimento na participação feminina está concentrado em São Paulo (73%) e o menor em Recife (43,2%).
A taxa de desemprego é maior entre mulheres e aumentou de 1998 a 2004, passando de 18,6% para 19,1% em Porto Alegre. Em Belo Horizonte, o aumento foi de 17,1% no índice (de 18,7% para 21,9%).
A economista do Dieese Lúcia Garcia atribui o cenário a um elemento discriminatório na hora da contratação. “Existem nichos em que as mulheres são preferidas aos homens e, mesmo assim, são eles que ocupam os cargos de maior hierarquia”, observou. Quando ocupada, outro problema para a mulher é a diferença de remuneração em relação aos homens.
Na região Metropolitana de Porto Alegre, as mulheres recebem cerca de 85,8% do que é pago aos homens. Os menores índices foram registrados em Belo Horizonte – 74,8% menos do que os homens.
Conforme Lúcia, a maior parte dos dados é da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), realizada pelo Dieese e pela Fundação Seade nas regiões metropolitanas de São Paulo, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre e no Distrito Federal, num convênio com o Ministério do Trabalho e Emprego e instituições regionais.
O levantamento apontou que as maiores taxas de desemprego feminino se concentram em Salvador (28%), Recife (26,5%) e Distrito Federal (24%). A capital gaúcha apurou a menor taxa do Brasil (19,1%).
O mercado informal, definido como de inserção vulnerável na pesquisa, emprega 50,2% das mulheres em Salvador e 47,8% em Recife. Esses são os maiores índices nacionais e, segundo o Dieese, resulta da grande presença de mulheres no serviço doméstico, superior a 15% em todas as localidades.
O setor de serviços é destaque como o principal empregador, absorvendo mais de 50% das mulheres em todas as regiões. A indústria registra taxas acima de 10% somente em São Paulo (14,5%) e em Porto Alegre (13,9%).
A Capital refletiu a tendência brasileira exposta em todas as regiões avaliadas e teve o maior índice de famílias unipessoais com chefia feminina (8,1%) no período 2000/2003.
fonte: Correio do Povo